quinta-feira, 26 de julho de 2012

Se eu fosse uma música...


Se eu fosse uma música, não sei qual seria a melodia.
Sei que teria letra doce, porém forte e vibrante, iluminaria o teu dia.
Se eu fosse uma música, não cantaria tristeza.
A cada estrofe versada exaltaria a tua beleza.

Se eu fosse uma música, a todo instante me ouvirias,
Estarias comigo a cada passo, o teu sono embalaria.
Se eu fosse uma música, alegraria teus dias tristonhos,
Alcançaria teus pensamentos, realizaria os teus sonhos.

Se eu fosse uma música, de novela não seria o tema,
Seria trilha sonora de um só, seria teu o meu poema.
Se eu fosse uma música, somente tu me entenderias,
Contaria a nossa história, teria apenas eu e tu, ninguém mais caberia.

Se uma música eu pudesse ser, não sei que nome daria.
Talvez não precisasse ter título, quem nos conhece a nós veria.
Se uma música eu pudesse ser, além de versos ela teria cor,
Saberiam tratar-se dos teus olhos, te reconheceriam, logo entenderiam: é amor.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Teste de Literatura

Um jogo interessante sobre os livros que lemos. Vale a pena acessar o link. Cada vez que se joga, aparecem novos trechos diferentes dos livros. Divirtam-se!

http://revistaescola.abril.com.br/swf/jogos/jogoLiteratura/

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Miscelânea de mim


Sou uma mistura de tudo, sou menina, sou mulher.
Sou aquela que sonha, que trabalha duro, que espera com fé.
Nasci católica, da Bíblia sempre me aproximei.
Busco conhecer a cultura umbandista, pelo Espiritismo me encantei.

Tudo o que é do bem é obra de Deus.
Creio em santos, sei que há anjos, o meu, o seu.
Medito em tudo que me aquieta a alma.
Busco o colo de Maria, o amparo de Jesus me acalma.

Sou uma mistura de tudo, sou menina, sou mulher.
Se fosse animal, um gorila seria, o seu olhar me transmite o orgulho de ser quem é.
Gosto dos cavalos pela beleza, pelo passo certo, por sua força e poder.
Dos sapos, aprecio a beleza dos saltos, buscando alcançar o que deseja ser.

Sou uma mistura de tudo, sou menina, sou mulher.
Sou masculino no feminino, o futebol não posso perder.
Da novela aos suspenses, da comédia ao seriado.
Vejo drama, esportes, romances e me encanta o desenho animado.

Sou uma mistura de tudo, sou mulher, sou menina.
Tenho medo escuro, o vazio me persegue, solidão é minha sina.
Para vencer o monstro do silêncio, trago sempre a luz acesa.
A música é sempre o meu alento, espanta a minha tristeza.

Sou uma mistura de tudo, sou mulher, sou menina.
Trago na voz um dom, já ouvi dizer que meu canto fascina.
Sou romântica, gosto de flores, de afago, de aconchego.
Adormeço buscando o abraço que espero e nunca vejo.

Sou uma mistura de tudo, sou mulher, sou menina.
Acendo velas, meus incensos, busco a prece, a oração me ilumina.
A minha mistura de tudo me inspira a querer o bem.
A menina ainda sonha, a mulher acredita que um grande amor ainda vem.

19 de julho de 1986


Com uma caneca de leite desnatado,
Recordo o 19 de julho de 1986,
Brindo àquela inesquecível tarde de sábado,
Uma saudade gostosa faz-me viver tudo outra vez.

Conversávamos na calçada e uma leve chuva caía,
Lembro-me de cada detalhe, até da roupa que vestia.
Usava blusa preta e um short tricolor,
Disseste-me “_sou rubro negro, mas este short em você está um primor”.

Vivia o auge dos 18 anos, mas ainda em plena inocência,
Tu gozavas teus 23, de pura malícia e saliência.
Tinhas um olhar misterioso, um jeito sedutor,
Um sorriso de canto de boca, um ar cínico, encantador. 

Nossos olhares se cruzavam ia dali um tempo,
Certo dia nos apresentaram, dava-se, então, o meu tormento.
Já havia alguns anos que nos déramos a falar,
E, quem diria, naquele dia, o primeiro beijo iríamos trocar.

Recordo agora o que fora aquele instante: o antes, o então, o depois. 
Seguimos cada um a sua história, mas guardo sempre comigo o que fomos nós dois.
Em ti depositei meus sonhos, criei todas as fantasias,
Vivemos algumas loucuras, tivemos nossas alegrias.

Foste em mim o desejo, o medo, os sonhos não realizados,
Despertaste em mim todos os sentidos, os vividos, os idealizados.
Eu te amei ainda menina, jurei guardar-me para ti,
Eu não fui sequer tua namorada, mas foi feliz o que contigo vivi.

Um brinde a nossa juventude, um brinde a nossa história,
Ao 19 de julho de 1986, às lembranças que sempre estarão em minha memória.

As Damas: o lar x o cabaré


Nos anos de 1920, quem tinha a “vida fácil”: a dama ou a mulher-dama? Nos lares distintos daquela época, o dono da casa se dirigia à sua esposa, geralmente, dando-lhe ordens, desfiando um rosário de obrigações. As damas, por sua vez, respondiam com “Sim, senhor meu marido”, “Como o senhor desejar, senhor meu marido”. Nos cabarés, todos se divertiam; nas casas de tolerância, tolerava-se de tudo. Ali era lugar de alegria, de contentamento.

As mulheres-damas, se não eram tratadas com o respeito, tinham a liberdade de sorrir, de dançar, de escolher com quem se deitar; podiam se dar ao luxo de sentir prazer. Não tinham que obedecer a um: [“_Prepare-se e espere por mim no quarto, que hoje eu vou lhe usar!”]. Se assim desejassem, poderiam ler o livro que quisessem. Enquanto que as moças de família raramente podiam estudar. Estudar poderia aludir ideias nas mentes das moças, levá-las a cometer ousadias, pensar como homem.

Ao homem cabia conjugar bem o verbo MANTER. Os ricos mantinham suas famílias – as legítimas e as tantas outras alhures espalhadas. Mantinham sua moral “ilibada”; mantinham sua postura firme, merecedores de obediência; mantinham o direito sobre as mulheres; mantinham suas “teúdas” e “manteúdas”; e mantinham sua fama de poderosos, coronéis sem patente. Os pobres, mesmo sem um tostão furado no bolso, mantinham sua rigidez no trato, herdada de seus pais; mantinham suas famílias, as de conhecimento público e as demais.

As moças de “vida fácil” não podiam circular entre as senhoras, mas, em seu território, caminhavam com a liberdade de quem pode desfrutar alegrias, viver fantasias, se encantar com a companhia dos seus escolhidos. Até podiam sonhar com amores impossíveis. Às senhoras, impossível, mesmo, era amar.

Esquecendo-se de quem fora Maria Madalena, a igreja negava a fé das “rameiras”, preconizava que ali não era lugar de mulher-dama. Era um acinte às damas da sociedade. Estas debulhavam o terço em seguidas novenas, mas negavam o mandamento – amai ao próximo como a ti mesmo.

Casamento de “quenga” era um sonho; para as damas da sociedade, muitas vezes era um pesadelo. Enquanto as primeiras sonhavam encontrar alguém que as levasse ao altar, as segundas já nasciam comprometidas com casamentos arranjados, até mesmo por famílias que mal tinham um lote de terra como dote. Umas sonhavam com um homem que lhe desse amor, um lar, filhos e prazer. Outras sabiam que teriam uma casa, uma família, obrigações. Amor era artigo de luxo; prazer, coisa de mulher-dama.

Enquanto as mulheres-damas abriam os olhos e o sorriso para escolher seus parceiros, seus “chamegos” preferidos, as damas fechavam os olhos e o coração às afrontas do marido, aos seus casos, às suas “teúdas” e “manteúdas”. Guardadas as devidas proporções, no fundo, uma ambicionava viver a vida da outra. Guardadas as devidas proporções, ainda há muitas personagens reais daquela época vivendo nos dias atuais.

Voltando à pergunta inicial: a quem pertencia a “vida fácil”? Tal qual o texto de um poeta, a resposta vai depender do olhar que se dá à leitura; a resposta vai depender do sentimento que se propõe a experimentar o lugar do outro; a resposta pode depender do que se tenha vivido; a resposta... vai depender do sentido que a ela se queira dar.

Ao longo da história, muitas foram as repostas. Houve mulher-dama se tornando dama da sociedade e senhoras distintas abrindo cabarés. Houve mulher-dama se tornando imperatriz. Houve que não quis um lado nem o outro: as chamadas revolucionárias. Muitas pagaram caro por sua ousadia, outras tiveram sucesso em suas empreitadas, mas todas fizeram história e deixaram marcas em sua trajetória. As fictícias e as reais. Seja na pele de Frinéia, Teodora, Apollonie Sabatier, Marie Duplessis, Tina Tati, Madame France, as Tietas e Marias Machadão de Jorge Amado; seja na pele de Chiquinha Gonzaga, Olga Benário, Anita Malfatti, Pagu, Guiomar Novaes, Yolanda Penteado, Maysa, Simone de Beauvoir... Sempre haverá alguém para gritar ousadias, quebrar as regras, para ditar novos padrões. Às mulheres de hoje, cabe reverenciá-las e, inspirada nelas, seguir suas próprias revoluções.

O Meu Cenário de Amor


Nos braços de um bem querer
Eu quero morrer qualquer dia
Vamos criar nosso cenário de amor
Um abajur aceso iluminando o nosso quarto
Nossos corpos enrolados debaixo do edredom

Na mesa uma cerveja, com petisco e muito enredo
E na varanda eu na rede a lhe chamar
Um disco na vitrola tocando a nossa canção
E faremos amor numa noite de luar

Não tem esteira,
Mas no tapete tem chamego a noite inteira
Dançando, se amando, numa entrega verdadeira
E nós vamos tornando nosso sonho encantador
E o coração,
Num bate-bate emocionado segue trilha
E gente acerta o passo, forma a nossa quadrilha
E no São João teremos nossa noite de amor

Revelando os Sentimentos...


Às vezes é difícil expressar o que sentimos: como seremos entendidos? Seremos entendidos? E nós? Sabemos o que de fato sentimos? Será que sentimos? Às vezes, passamos boa parte de nossas vidas dedicando sentimentos, mesmo a quem não se importa com o que sentimos. Um dia acordamos e nos damos conta de que todo nosso sentimento não rendeu frutos, não provocou no outro a mesma sensação. Começamos a pensar que melhor seria se nada sentíssemos e nos fechamos aos sentimentos. Na verdade, não deixamos de sentir, apenas mudamos de sentimentos: sai a ternura, aporta uma dolorosa saudade; se vai a felicidade, toma assento uma amargura sem fim... Parece que não haverá mais bons sentimentos.

De repente, um sopro de alegria paira em nosso rosto, como uma brisa suave... Singelo, passageiro, bobo, por assim dizer, mas nos dá a clara sensação de que estamos vivos... ainda. A nós nos parece que o sentimento quer dizer que está ali, buscando ser sentido. E como um pássaro que entoa seu canto ao primeiro raio de sol, saímos a descrever o que sentimos, como se quiséssemos provar a nós mesmos que estamos vivos... ainda. E se quiséssemos expressar o que sentimos? Seríamos compreendidos? Nós o faríamos na medida certa? Jamais saberemos. Às vezes, as pessoas provocam sentimentos e sentem muito, porque talvez não fosse bem aquilo que elas queriam que o outro sentisse. Não queriam? Não imaginaram por um segundo que as pessoas poderiam, sim, se sentir tocadas e desejosas de se entregarem aos sentimentos? E agora? O que fazer com o a gente sente, com o que nos foi provocado? (Des)sentir? Sinto, de fato, que nunca saberemos...

As pessoas sentem de maneiras diferentes. As pessoas sentem mais, sentem menos... Geralmente, sentem muito que não sintam... nada. As pessoas se assustam com os sentimentos... Sentir dói, por vezes, (des)sentir mais ainda, porém muito mais triste e doloroso, mesmo, é não ser capaz de nada sentir.

Eu, as pipas, a borboleta... e o tempo


Em raros momentos, vemos brincadeiras que só víamos em nossa época de infância. Neste instante, observo o suave deslizar de uma pipa no céu. Não. Duas: uma colorida e outra tão branquinha que se conseguir chegar mais alto, poderá se confundir com as nuvens. Dá uma saudade danada dos tempos de criança. Sobretudo, dá uma saudade do que não vivi. Dentre as brincadeiras “de menino” – eu que só tive irmãos –, soltar pipa foi a única coisa que não consegui fazer.

É fato, o tempo não volta. Algumas coisas ainda podem ser vividas. Para muitas outras poderá não mais haver tempo. Dias atrás, falei para uma pessoa que ela despertava a menina que mora em mim, e que esta é viva, cheia de sonhos, doce, risonha, cheia de vontade de ser feliz... Desperta, a menina se vê com uma borboleta ao sair do casulo, ávida por alçar altos voos, passear entre as flores, exibindo suas asas coloridas. Quisera pudesse mantê-la desperta, quisera pudesse, enfim, soltar minhas pipas, borboletear entre as flores. Mas a realidade que se desenha é bem diferente: a borboleta desfaz seu caminho, retorna ao casulo. Não há flores, não há pipas... não há mais tempo...

As Minhas Rosas Falam


Há de bater, com esperanças, o meu coração,
Pois que já terminou o verão, enfim.
Volto ao jardim, na certeza que devo plantar,
Pois sei bem o que vou cultivar para mim.

Converso com as rosas e não é bobagem
Comigo elas falam e em toda minha alma exalam
O perfume que quero sentir... Ai...

Devo sorrir,
Não quero mais os meus olhos tristonhos
Ainda vou realizar os meus sonhos
No fim...

O Meu "Tocando em Frente"


Já não ando devagar
Porque tenho pressa
Busco um sorriso
Porque tenho chorado demais
Um dia já fui forte,
Fui feliz, se sabe,
E sigo com a certeza
De que muito pouco sei,
Quase nada sei

Também tenho minhas manhas
Em cada manhã
Quero o sabor das massas
O vigor das maçãs
Eu quero um amor
Pra me fazer pulsar
Me promover a paz, me ajudar a seguir
E juntos fazermos chuva até florir

Pra seguir a vida, eu devo simplesmente
Acreditar na marcha e ir tocando em frente
Queria ser como um boiadeiro
E ter pra conduzir uma boiada
Mas vou tocando os dias
Em minha longa estrada, eu vou... E só estou...

Também tenho minhas manhas
Em cada manhã
Quero o sabor das massas
O vigor das maçãs
Eu quero um amor
Pra me fazer pulsar
Me promover a paz, me ajudar a seguir
E juntos fazermos chuva até florir

Sonho viver o amor ao amanhecer o dia
Sonho viver o amor a toda hora
Sonho que alguém chega, mas logo vai embora
Vejo-me compondo uma nova história
E digo pra mim
Que sou capaz... que serei feliz...

Também tenho minhas manhas
Em cada manhã
Quero o sabor das massas
O vigor das maçãs
Eu quero um amor
Pra me fazer pulsar
Me promover a paz, me ajudar a seguir
E juntos fazermos chuva até florir

Já não ando devagar
Porque tenho pressa
Busco um sorriso
Porque tenho chorado demais
Vejo-me compondo uma nova história
E digo pra mim
Que sou capaz... que serei feliz...

O Silêncio

Tenho medo do silêncio. Ele suscita distanciamento, desprezo, desafeto, desatenção. Tenho medo do silêncio: lembra porta fechada, omissão de socorro. Tenho medo do silêncio que grita a nossa pequenez, que nos apresenta o vazio, a escuridão. Tenho medo do silêncio que nos nega o estender de uma mão. Tenho medo do silêncio que não nos escuta, que não nos atende, que não nos responde. Tenho medo do silêncio que se fecha ao diálogo, à oportunidade de se reencontrar em sua própria voz.

O silêncio também pode não querer nada dizer. O silêncio pode simplesmente desejar apenas estar em paz consigo mesmo. O silêncio às vezes tem seus temores, e se protege, resguardando-se em si mesmo de ter que viver, ele próprio, um atormentado silêncio. 

Não há o que fazer, senão compreender. Não há o que fazer, senão deixar o tempo correr. Não há o que fazer, senão esperar que o silêncio se permita, se deixe levar pelo grito que o convida a ensaiar uma nova voz.

Eu tenho pressa...


Hoje acordei mais cedo ainda que o habitual e uma sensação percorre as minhas veias – eu tenho pressa. Eu tenho pressa em viver o não vivido, em sentir o não sentido, em entregar-me ao que não me é permitido. Eu tenho pressa em viver os sonhos, transformar os dias tristonhos, espantar a solidão, em sair da escuridão. Eu tenho pressa em desfrutar da alegria, em sentir felicidade. Quisera poder mudar o tempo e viver a fantasia, quisera os mais puros desejos fossem realidade. Eu não posso mudar o que está escrito, não há como adiantar os dias. Mas eu sei que posso ampliar a minha fé e ser uma pessoa melhor. Talvez, assim, eu consiga, ao menos, enxergar o sentido da espera que me separa de tudo aquilo que tenho pressa.

É feriado...


É feriado... para alguns. Outros tantos continuam na labuta diária. O sol acordou tímido. Esta não é sua estação. Mas ele bem sabe que precisa continuar brilhando – alguns corações precisam deste estímulo para continuar suas caminhadas.

É feriado... para alguns a tranquilidade de um trânsito leve. Para outros, a estrada está lotada. Há muita gente seguindo o destino do descanso. O comércio não para, mas os centros de compra não festejam tantas vendas. Muitos estabelecimentos fechados. Um feriado partido, diferentemente de outros tantos, pouco celebrado.

É feriado... para alguns é momento de lazer, oportunidade de descanso, viagem longa, festa e folia. Outros lembram, de fato, a razão pela qual o dia foi estabelecido: a festa de agradecimento pelo dom da Eucaristia, a nossa fonte de vida cristã, onde nos encontramos com o próprio Cristo. E Cristo, Pai amoroso que é, abençoa a todos, indistintamente.

É feriado... para alguns, nada muda. Para outros, as mudanças são variadas. Alguns corações seguem cantando. Outros seguem... pulsando apenas, buscando razão para sua existência. Há outros, ainda, que mesmo cansados, recauchutados pelas agruras de vida, seguem firmes, crentes, esperançosos por novas aventuras, novas paixões, novas entregas amorosas e desmedidas.

É feriado... é vida que segue. E não importa o dia: feriado pátrio, santo... final de semana. A vida é assim, cheia de contrastes: em alguns cantos a chuva, o frio, o gelo, até. Em outras partes, o sol, a seca, a fome, a morte, a desolação... Nascimentos, mortes. Tristezas, alegrias. Aventuras, dissabores. Desesperança, fé. Amores, paixões, rompimentos, separações, desilusões, reconciliações.

É feriado... é vida que segue... aos que descansam, celebram, rezam... Aproveitem! Aos que trabalham, meditam, refletem, ocupam-se do cuidar do outro... Vibrem! A cada um, o que lhe é oportuno. A cada um, o que lhe cabe. É feriado... é vida que segue. A todos nós, Deus nos abençoe.

À Lua Cheia


Não sei que poder é este que exerces sobre mim, oh lua
Não sei que força é esta que me chama a caminhar ao vento, correr solta pela rua

Não sei a razão deste fogo que me toma o corpo, me aguça os sentidos
Não sei ao certo se o que sai do meu coração é um grito ou um gemido

Só sei que ao contemplar-te assim, linda, cheia, encantadora
Surge em mim a vontade de cantar-te em versos, eu, uma poeta amadora

Toma-me pra ti, assim, inteira, faz-me completamente tua
Não me abandonas, voltas pra mim a cada fase, lua cheia, oh linda lua...

Reflexões de um domingo à noite


Chuva lá fora, noite fria
Futebol na TV, mas um silêncio que angustia
Lembranças da infância se apresentam na memória
Coisas guardadas, nunca esquecidas, pedaços da minha história

Uma volta ao passado, num tempo de ingenuidade
Um sentimento lembrado, uma saudade
Onze anos eu tinha, inocência vivia
Nascia o primeiro pulsar no peito, o porquê eu nem sabia

O sonho de viver uma história, um amor de perdição
Uma batalha inglória, a primeira ilusão
Saudade daquela menina, que fácil sorria, sem ter nem pra quê
Saudade daquela alegria, que mesmo quando sofria, cantava pra esquecer

O tempo passa depressa, a menina, enfim, cresceu
O sentimento a seguiu por anos, mas um dia feneceu
Outros sentimentos vieram, outros sonhos perseguiu
Mas novas ilusões trouxeram, quem estava ao lado partiu

Chove lá fora, a noite está fria
Espero que os pingos me tragam gotas de alegria
Que as ilusões fiquem lá fora, quero uma nova história a ser vivida
O meu futuro é agora, a minha urgência tem hora, preciso amar sem medida

Sentimentos...


Eu tenho sonhos
São simples, são fáceis, são risonhos
Eu tenho desejo
De andar de mãos dadas, de trocar um olhar e ser eu o que vejo
Eu tenho planos
De partilhar uma vida, de amar sem medida, de não ter desenganos
Eu tenho pressa
De um acordar entrelaçado, de brindar ao dia que começa

Eu tenho sonhos
E em tudo, minha força ponho
Eu tenho desejo
Torço para que ocorra num lampejo
Eu tenho planos
Espero não esperar mais muitos anos
Eu tenho pressa
Tudo isto quero agora, a minha vontade é esta

Sinto falta...


Sinto falta de abraço apertado
Sinto falta de conversa, de um bailar com rosto colado
Sinto falta de colo, carinho, de aconchego, de dormir a dois
Sinto falta de divergências, de fazer as pazes depois

Sinto falta de calor, de corpos num entrelaçar
Sinto falta de um sussurro, de um salto no escuro
Sinto falta de um sorriso, sinto falta de um olhar

Sinto falta de aventura, de fantasia, de loucura
Sinto falta de ter a quem esperar
Sinto falta até de toalha molhada na cama
Sinto falta de saber se alguém me ama
Sinto falta de ter a quem cuidar

Sinto falta de jantar à luz de velas, de olhar a lua na janela
Sinto falta de ter com quem caminhar
Sinto falta de folia, de partilhar alegria,
Sinto falta de alguém em minha vida, sinto falta de sonhar

Hoje é véspera de São Pedro


Hoje é véspera de São Pedro... ainda tem fogueira, ainda tem balão
Ainda tem pamonha, canjica, bolo de milho, xote, forró e baião
A chuva caiu a noite inteira
Já se faz dia e ela insiste em se mostrar toda faceira
O dia está frio, casacos saem dos armários pra agasalhar
A cerveja gelada fica guardada, melhor uma taça de vinho pra esquentar
À noite tem festa, fogos, cantoria, um candeeiro que alumia, uma sanfona a tocar
Tem gente bonita festejando, sorrindo, dançando, num cangote cheiroso a fungar

Hoje é véspera de São Pedro... os festejos continuam na cidade e no interior
Tem folguedo, cantoria, tem água na bacia, adivinhação pra encontrar um amor
O dono da festa não mais habita entre nós,
Lá no céu ele mora, encantando os anjos com sua voz
A festa rende homenagem a Luiz Gonzaga do Nascimento
Que desde menino, rebento viveu as agruras do sertão
Mas foi longe, distribui graça, força e talento, virou nosso Rei do Baião

Nordestino bom de briga, que não foge de uma peleja
É pra ti, Seu Luiz, que este povo todo festeja
Seja moço, velho, seja doutor, professor, motorista ou padeiro
O povo dança, apronta a festança acende fogos, solta balão
Cheio de fé e alegria, com coragem, ousadia, pra mostrar pro mundo inteiro
A força do povo brasileiro, deste Nordeste-nação

Me avexo, sim [parodiando Santanna]


Me avexo, sim
Eu preciso de um pouco de tudo
Cansei do nada
Me avexo, sim
Já cansei de me rastejar
To querendo asa

Me avexo, sim
A burrinha da felicidade ta atrasada
Me avexo, sim
A espero há tempos na porta da minha casa

Me avexo, sim
Na caminhada já dei todos os meus passos
Espero que a natureza mude o seu compasso
Se avexe junto comigo, vamos chegar

Me avexo, sim
Já cansei de viver subindo a ladeira
Já caí muitas vezes nessa brincadeira
Um grande amor no fim mereço encontrar...

Cantiga Junina


Quero o cheiro do milho verde, da canjica e da pamonha
Quero o arder dos olhos da fumaça e labareda
Quero vinho, quentão, cachaça e cerveja
Quero fartura de verdade, com tudo aquilo que a gente sonha

Quero o céu iluminado, o terreiro todo enfeitado
Quero um cheiro, um fungado no cangote
Quero o povo todo dançando, num arrasta-pé arretado
Quero ver um cabra macho de olho no meu decote

Quero ouvir o arrasto do chinelo
O som da sanfona, do triangulo, da zabumba
Quero o canto do meu povo, que é belo
Quero festa, quero dança, quero fazer uma quizomba

Quero o vestido xadrez, sapato de festa, saia rodada
O bigode fajuto do matuto
Só não quero cigarro, não quero charuto
Quero caboclo cheiroso pra dançar dando umbigada

Quero o barulho dos fogos, o colorido das quadrilhas
Ao som do Rei do Baião como trilha
Quero os santos juninos todos num só enredo
Pra reverenciar nosso povo nordestino
Cabra da peste desde menino, que de ser feliz não medo

Sinto saudades...


Sinto saudades de um tempo lá atrás...
Sinto saudades de quando éramos dez: cinco meninas e cinco meninos.
Sinto saudades de nossa rua, nossas calçadas, nossas conversas até altas horas, nosso jogo de dominó, nossas festinhas e farras inocentes.

Sinto saudades de quando éramos dez, e eu tinha que cantar a música predileta de cada um. Sinto saudade das serestas e dos micos que pagava, quando me chamavam pra cantar.
Sinto saudades de quando éramos dez, dos nossos risos fáceis, da falta de preocupação, da coragem de viver as emoções, da transparência para com os sentimentos. Falávamos de tudo, brincávamos com tudo, mas sentimento era coisa séria, não era de se brincar.

Aconteceu de eu e uma das meninas nos apaixonarmos pelo mesmo menino.
Ainda assim, permanecemos leais uma à outra... Somos até hoje.
Nenhuma de nós conseguiu namorá-lo e seguimos todos como caros amigos.

Apaixonar... era verbo fácil naquela época. Mas quando não dava certo, fácil também era desapaixonar. Não sofríamos tanto, não sentíamos tantas dores de amor.
No tempo em que éramos dez, “gostar” era sinônimo de respeito, carinho, lealdade, partilha, companheirismo, sinceridade, cortesia, delicadeza... E não se permitiam dúvidas: “gostar” nunca foi talvez, quem sabe, pode ser, será...

E tudo era vivido e sentido sem medo, sem meias verdades, sem fingimento, sem manipulação.

Tínhamos poucos recursos e pais rígidos. Então, vivíamos cada segundo de liberdade, cada momento em grupo, cada oportunidade de celebrar a vida com intensa alegria, prazer e solidariedade – se um pai não permitia, ninguém saía. E nos conformávamos com a nossa calçada. O que valia, mesmo, era o afeto que permanecia, a amizade que crescia, o sorriso que insistia... Quando éramos dez, jamais perdíamos a alegria.

Sinto saudades daquele tempo, dos amigos que raramente vejo. Sinto saudades, sobretudo, de viver com lealdade, com sentimentos transparentes, de viver com respeito e cuidado pelo outro. Hoje, as pessoas raramente cuidam umas das outras, raramente se importam com o que o outro sente...

Sinto saudades de quando éramos dez, da história que construímos, dos laços que criamos, de tudo que partilhamos.

Com o passar dos anos, os dez foram se multiplicando, e, aos poucos, formando suas famílias, seus grupos para uma vida inteira. Sobrei cá eu e mais um, hoje apartado de nós. E para nós, que não formamos nossa continuidade, nos restou apenas a saudade.

Sinto saudades...
Saudade de um tempo sem mágoas, sem maldade... Saudade de um tempo feliz... de verdade. Saudade dos meus amores leais, saudade de quando éramos dez...

[Dedicado aos primeiros amores da minha vida, com quem vivi um amor leal e verdadeiramente correspondido: Rita, Sueli, Sirleyde, Neidinha, Adilson, Flávio, Fábio, Dindinho e Daniel]