quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Última lição do ano...

A mudança para um ano bom tem que vir do lado de dentro...

[Fonte: www.br.guiainfantil.com]


Vejam como são as coisas... vocês vivem me chamando de chique, de fina e coisa tal. Para ser franca, às vezes me sinto mal com isto, pois, em alguns momentos, isto é sinônimo de arrogância, pedantismo, falta de humildade, desrespeito... e isto eu sei que não pratico, ou pelo menos empenho enorme esforço para não fazê-lo, me autoanalisando todos os dias, refletindo a cada ação. Mas, enfim...
Eis que ontem deixei a minha chave com a moça que cuida da minha casa, pois ainda não fiz a terceira cópia depois da mudança. Como ela trabalha na casa do meu irmão, deixou a chave por lá. Cheguei a minha casa por volta de 19h50 e meu irmão não estava. Meu amado também não tinha chegado. Ligo para ele, mas não consigo falar. Fui à casa de papai, no primeiro andar e supus que ele estivesse dormindo, pois não atendeu a porta. Ligo para o meu irmão, que estava fazendo feira e pensei comigo: bom, daqui a pouco ele chega. Sentei-me no batente da escada e pus-me a esperar. Uma hora depois, a vizinha abre a porta e, me vendo ali desconsolada, indaga: _estás na rua, é? Sem chave? Queres ficar aqui em casa? Como não temos nenhuma amizade, apenas os cumprimentos rotineiros da boa vizinhança, não me senti à vontade para entrar. Expliquei o ocorrido e agradeci o cuidado. Ela entrou, fechou a porta e minutos depois retorna, com duas latas de cerveja, dois copos e põe a cadeira dela do lado de fora e se põe a conversar. Até aí, tudo bem, uma ação gentil e cuidadosa de um ser humano para com outro, das raridades de hoje em dia. Mas, eis que a cerveja era Schin... e quente... Meu povo... não é porque sou chique, fina e tudo mais que vocês dizem... mas eu não suporto esta cerveja. Sei lá, não é questão de sofisticação, de preconceito, é meu gosto, que insiste em se concentrar no que é mais apurado. Mas eu tive que tomar a bendita cerveja... não uma lata, mas 3, posto que só consegui entrar em casa por volta da meia-noite e quinze minutos. Quando estávamos na terceira lata e muitos papos, parecendo velhas amigas, ela diz: _eu tenho um vinho ótimo aí, Quinta do Morgado, boto pra gelar pra gente celebrar este papo? Aí, gelei eu. O que eu diria, diante de tanta cortesia e solidariedade? Que aquilo não era o que se pode chamar de vinho? Que eu odeio? Que passo mal se tomar as ‘borras’ adocicadas de produtos do gênero (o que é verdade, pois atinge a minha famigerada enxaqueca)? Eis que fui salva pela chegada do meu irmão e imediato resgate das chaves. Despedi-me extremamente agradecida, e me pondo à disposição para repetir o bate-papo, regado à cerveja qualquer dia destes...
Alonguei-me na história, mas foi só para ilustrar que... NADA SOMOS, minha gente. Não adiantaria ser chique, refinada, sofisticada e ter dispensado a delicadeza de uma companhia num momento em que nada tinha o que fazer, senão esperar, com fome, cansada, louca por um banho... Não adiantavam os meus gostos apurados sabe-se lá onde, se eu não tivesse entornado as latas de uma cerveja horrorosa, demostrando verdadeiro apreço pelo gesto. Nós sempre pedimos que o ano novo seja melhor, coisa e tal... mas sempre nos esquecemos de pedir para que nós sejamos pessoas melhores. O ano que se inicia tem tudo para ser maravilhoso... se nos analisarmos mais, se revermos as nossas atitudes e os valores que carregamos, equivocados muitas vezes, se deixarmos de lado o preconceito, se olharmos o outro com os olhos do coração, se formos mais apreciativos, se pensarmos sempre no bem para o outro, se não deixarmos que as nossas atitudes egoístas prevaleçam. Um ano novo, para ser bom, de fato, precisa começar com a mudança dentro de nós mesmos... Pensemos nisto!
Feliz Ano Novo, pessoas!