segunda-feira, 25 de março de 2013

A minha mensagem de Páscoa

Meditando na nossa páscoa interior...



Os sonhos:
Pobre de quem teve medo de correr os riscos, porque talvez não se decepcione, nem tenha desilusões, nem sofra como aqueles que têm um sonho a seguir. Mas quando olhar para trás – porque sempre olhamos para trás – vai escutar seu coração dizendo: “o que fizeste com os milagres que Deus semeou por teus dias? O que fizeste com os talentos que teu Mestre te confiou? Enterraste fundo em uma cova, porque tinhas medo de perdê-los. Então, esta é a tua herança – a certeza de que desperdiçaste tua vida”. Pobre de quem escuta estas palavras, porque então acreditará em milagres, mas os instantes mágicos da vida já terão passado[1].

Precisamos ter cuidado, é verdade. Afinal “cautela e canja da galinha não fazem mal a ninguém”, já diz o ditado. Mas quem disse que não devemos ousar? Por que o medo de tentar? Vamos falhar? E daí? Quem nunca falhou? Quantos acertam na primeira tentativa? O que mais queremos perguntar? Para quais perguntas teremos respostas? Se soubéssemos tudo, as dúvidas não fariam parte de nossas vidas, o dia seguinte seria por demais conhecido, mas completamente sem sentido algum.

Os instantes mágicos:
Todos os dias Deus nos dá – junto com o sol – um momento em que é possível mudar tudo o que nos deixa infelizes. Todos os dias procuramos fingir que não percebemos este momento, que ele não existe, que hoje é igual a ontem e será igual a amanhã. Mas quem presta atenção ao seu dia, descobre o instante mágico. Ele pode estar escondido na hora em que enfiamos a chave na porta pela manhã, no instante de silêncio logo após o jantar, nas mil e uma coisas que nos parecem iguais. Este momento existe – um momento em que toda a força das estrelas passa por nós, e nos permite fazer milagres1.

Já perceberam o quanto reclamamos da vida, sem sequer nos darmos conta do quanto recebemos dela? Na maioria das vezes, basta um respirar diferente, um olhar diferente, um pensar diferente, um desejar diferente – e tudo volta a ter cor, a brilhar. Os instantes mágicos existem, sim, e devem ser sempre a nossa fonte na busca por dias melhores, mais justos. É o que tenho perseguido. Sobretudo ser justa, ser melhor a cada dia, enquanto pessoa, para poder ofertar o melhor de mim a outras pessoas. Luta árdua... mas vale a pena. 

A Felicidade:
A felicidade às vezes é uma bênção – mas geralmente é uma conquista. O instante mágico do dia nos ajuda a mudar, nos faz ir em busca de nossos sonhos. Vamos sofrer, vamos ter momentos difíceis, vamos enfrentar muitas desilusões – mas tudo é passageiro, e não deixa marcas. E, no futuro, podemos olhar para trás com orgulho e fé1.



Aproveitemos, então, este momento em que se comemora a Páscoa e façamos as nossas descobertas de felicidade. Não é necessário muito. Bastam alguns gestos simples: sorrir e agradecer ao acordar, reverenciar o dia, se embriagar com o perfume do alvorecer, olhar o outro com os olhos da alma, falar a linguagem do coração, renovar a fé, renascer espiritualmente, fazer ressurgir os sonhos. Nós podemos tudo. Basta que façamos como Ele nos ensinou: "amar ao outro como a nós mesmos". A recompensa maior é nossa, o presente maior ganharemos nós, a nossa luz interior brilhará com mais intensidade, tenham certeza. Afastaremos de nós toda a sorte de tristeza, pesar, agonia e descrença. É preciso apenas acreditar. Precisamos todos acreditar... Eu também preciso.

Feliz Páscoa! Feliz renovação, ressurgimento, renascimento, recriação...




[1] Coelho, P. Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1994.

quinta-feira, 21 de março de 2013

A nossa história: começo, meio e... segue


Eu me perdi em ti desde a primeira vez em que te vi...

(Foto: Art of Woman)

Uma curva, uma esquina, um esbarrão naquele moço que não me deixava passar. O moço de chapéu azul. Um olhar penetrante, assustador. Foi difícil continuar os passos. A impressão ficou durante todo o dia, e com ela os porquês. Eu não pude me distanciar dele sem olhá-lo até perder de vista. Um susto. Uma estranha sensação. Quem era ele? De onde vinha? Por que nunca o vira antes? Por que não saía do meu pensamento? Por que queria vê-lo de novo? Por que tantos porquês? Passado o impacto, a vida seguia o seu curso. Será? Não. A minha vida nunca mais fora a mesma desde aquele dia...

A tarde chegara. Hora de ir à escola. Nesse instante, a seriedade fazia morada. Nada de estripulias. Era uma menina comportada. Outra vez o moço que vira naquela manhã. Só mudara de boné. Meu corpo inteiro tremeu. Que sensação era aquela, meu Deus? Por que parecia tão importante que ele estivesse ali? Por que o medo de olhar para ele? Ao mesmo tempo, por que não conseguia deixar de olhá-lo? A inocência não dava espaço às respostas. Outra vez o seu olhar, maravilhoso olhar... A ingenuidade não permitia a leitura dos olhos, não se fazia compreensível. Mas era exatamente aquele olhar que alegrava minh’alma.

No dia seguinte... Uma caminhada em uma rua movimentada, carros indo e vindo sem parar, a travessia exigia cuidado. Outra vez, aquele moço... Nova troca de olhares, um arrepio na espinha, um medo não sei de quê. Eu, a menina inocente, de olhar tímido, mas de passos serelepes, jeito moleque, sorriso matreiro, totalmente paralisada. Tu, um adolescente, te descobrindo homem, divertindo-te com teus amigos em um jogo de bilhar, interrompendo a partida para apreciar o caminhar daquela menina espevitada. Outra vez nos olhamos até que a distância afastasse de nós o que a pupila podia alcançar. Sem que eu soubesse, estava traçado ali o destino do meu coração... Sem querer, sem saber, entregava a ti o mais puro dos sentimentos, passava às tuas mãos a minha vida.

E dali por diante deu-se a constância dos encontros... hoje tão raros. Nenhuma palavra era trocada. Os nossos olhos falavam por nós. A frequência dos encontros alcançou novos espaços: a padaria, passeios por outras ruas, as festas do bairro, em casa de conhecidos. Nenhuma palavra dirigida, apenas aquele olhar, que tanto me fascinava e, ao mesmo tempo, me amedrontava. Não conseguia saber de fato o que sentia, mas se passasse um dia sequer sem vê-lo, batia-me uma tristeza que parecia não ter fim. E o procurava infinitamente por todos os lados. Um belo dia, nos demos a falar. O medo, então, cresceu infinitamente: o que dizer? Não importava: os nossos olhos falavam por nós. Sempre falaram...

Seguimos assim por vários anos: encontros, cumprimentos, trocas de olhares. Meu coração foi aos poucos compreendendo a dimensão do que eu sentia e descobrindo a cada dia o que era o amor. A chuva, uma leve garoa, foi a responsável por unir os nossos olhos em direção aos nossos lábios, e eu terminei por me perder definitivamente.

O beijo... Às vezes um gesto tão simples, mas capaz de provocar sensações infinitas. Por vezes angelical, outras vezes voraz. Às vezes esperado por anos e, de repente, surpreendente, inesquecível... Sinto a falta do teu beijo, à medida que tenho sede. E cada vez que o tenho em mim, nos nossos raros, loucos, mas intensos encontros, é como se fora o mesmo daquela tarde de garoa...

A inocência dos 11 anos não permitia sentimentos senão os de medo, curiosidade, alegria em vê-lo... Até que um dia a flor se percebe madura, e sente a necessidade de abrir-se. Assim nasceu meu desejo. Nem lembro como, mas em meio a todos os outros sentimentos, nasceu um calor dentro de mim, uma vontade intensa de querer aquele corpo colado ao meu. Eu o desejava intensamente, meu corpo flamejava a cada toque de suas mãos. Mas ainda havia o medo... E o tempo ainda atuou sobremaneira até a entrega total.

E o amor se fez, tal qual nossos mistérios, tal qual a nossa curiosa história... Demo-nos um ao outro, sem planos, sem hora marcada. Era início da primavera, estação mais propícia, não teria. Vivemos o acaso, festejamos o milagre da entrega.

E desde aquele dia, por mais que o meu corpo por ventura caia em outros braços, ele será eternamente teu. É para ti, por ti, o meu desejo; o meu cansaço em busca do teu colo; o meu sono em busca do sonho; a minha escuridão em busca do brilho dos teus olhos, a minha boca à procura da tua, a minha vida inteira atrelada a ti. Viverei por te amar, sempre, mesmo que não tenha a ti, mesmo que vivamos eternamente envoltos em fortuitos encontros, mesmo que estejamos ladeados por outros quereres. A nossa história teve um começo, foi permeada por muitos meios, mas jamais terá escrita em sua página um “fim”. Amo-te tanto e sempre, corpo, alma e coração.




quinta-feira, 14 de março de 2013

Questionando as minhas verdades

...quando as minhas verdades se confundem com os meus delírios


Sabe... quando você sente, de verdade, que não haverá jamais outra pessoa a ocupar espaço em seu coração, que mesmo que o mundo gire, outras pessoas venham, outras histórias sejam contadas, ela continua lá, por vezes esquecida, mas jamais apagada?

Sabe... quando você sabe que é amor, e sente que este amor também a tem como inesquecível, guardada, jamais desamada e você sabe que, ainda assim, você não pode ser a sua escolha?

Sabe... quando tudo o que você quer é estar perto desta pessoa, colocá-la no colo, ouvir seus lamentos, suas agonias, rir com sua risada, com suas manias, partilhar as suas alegrias e nem sempre você pode se fazer presente?

Sabe... quando você tem a certeza de que jamais construirá uma história de verdade e mesmo assim, você continua à janela, esperando por este amor a cada amanhecer, com o peito explodindo de saudade, com o corpo em brasas, reclamando sua pele?

Sabe... quando você percebe que os seus sonhos jamais serão realizados, mas que nada nem ninguém fará você recuar e desacreditar?

Sabe... quando você acorda, escorrega suas mãos pela cama e tudo que você queria era aquele abraço apertado, aquele “bom dia” ao pé do ouvido, e você percebe que lençóis e travesseiros não têm braços, não podem falar com você, muito menos ouvi-la?

Sabe... quando seu coração sorri desatinado ao sentir seu olhar reciprocado, seus lábios em outros encontrados, seu corpo amorosamente tocado, sua sede momentaneamente saciada e você sabe que isto é tudo o que você pode ter... por instantes... por momentos... e ainda assim você se sente a pessoa mais feliz do mundo?

Sabe... em sua certeza, o amor é eterno, é para sempre. A espera também. O reencontro também. O coração agoniado também. O sorriso a cada chegada também. O desejo acalentado também... Sabe... em suas verdades... o sonho também.

terça-feira, 12 de março de 2013

As Senhoras Pernambucanas do 12 de Março


Recife e Olinda – jovens senhoras cantadas em verso...


O poeta assim dizia: _minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá...
Minhas cidades têm encantos, que se começarmos versando, no papel não caberá.

Se eu for contar o que tem Olinda, sou capaz de levar o ano inteiro.
Mas o que gosto mais nesta cidade é quando ouço os clarins anunciando fevereiro.
Recife é um tanto tímida, tal qual a sua vizinha, não traz no nome a beleza.
Assemelha-se com uma irmã distante, adotada pelos italianos como Veneza.

Olinda e suas ladeiras, suas igrejas seculares, mercados e antigos casarios.
Recife e suas lindas praças e pontes, deveria ser mãe das águas pois vive cercada por rios.
Ambas completam idade nova, são duas belas senhoras, não trazem mais jovialidade.
Carregam em seus ombros as lutas vividas, muitas batalhas sofridas, sempre com vivacidade.

Um belo dia, lá por 1710, um grito em Olinda foi dado, o da República o primeiro.
A quieta Recife era tida como ponto de entrada para a cobiça do mercenário estrangeiro
Nassau aqui fez morada, encantou-se pelos ares tropicais, trouxe progresso, fez melhoria.
Sua administração foi destaque no Estado inteiro, até hoje é lembrado com alegria.

Olinda e Recife celebram suas riquezas: uma famosa em ladeiras, a outra cantada em seus rios.
Olinda tem a melhor tapioca; Recife tem bolo de rolo, iguaria mais gostosa nunca se viu.
Saudemos as belas senhoras, cidades que encantam, contagiam, quem vem quer voltar.
Do Marco Zero ao Alto da Sé, da Ribeira ao Arsenal, aqui, o verbo mais conjugado é o Amar.


sábado, 9 de março de 2013

Meu Tributo Silencioso a Ti

...meu peito celebra por tua alegria e, em silêncio, dedica a ti esta poesia


Cantar-te-ei em versos neste dia, pois ao teu lado, que ousadia, não poderia estar.
Em sonho te vejo, sinto teu toque, danço contigo uma valsa, o teu corpo posso abraçar.
Estás lindo, radiante, com teu sorriso vibrante, teu olhar que me entorpece.
Até mesmo em sonhos tu me trazes alegria, feliz é o dia que para mim amanhece.

Desperta, sigo sonhando, talvez, até, delirando, de algum modo o doce som de tua voz poder ouvir.
Será que ao longo dia encontrar-me-ei com a alegria, realizarei a fantasia de estar diante de ti?
Responder não saberia, mas meu coração traz a certeza, que mesmo distante, te sentir sou capaz.
Tu celebras nova vida, muitas etapas vencidas, mas é a mim que agracias, felicidade me dás.

És o meu amor desde menina, cresci desejando-te a cada dia, em teus braços descobri-me mulher.
Não preciso muito, sabes bem, ao olhar-te meus olhos brilham, o coração não duvida: é a ti que ele quer.
Uma verdade é preciso que eu diga, não te ter em mim neste dia põe tristeza em minh’alma.
Sigo sonhando acordada, fazer-te festa até a madrugada, estar em teu colo, trazer-te calma.

Agradeço aos céus por este sentimento, ora vida ora tormento, mas minha fonte de inspiração.
A ti faço uma prece: Deus te conceda muitos anos de vida, preencha de contentamento teu coração.
Independente do que me reste na vida, o que há em mim seguirá crescendo, esperando um só passo teu.
Não há nada mais iluminado em minha vida do que estar ao teu lado e, mesmo que por instantes, ser tua e ter-te meu.


[Totalmente, completamente, inteiramente dedicado a ti...]