quarta-feira, 31 de outubro de 2012
domingo, 21 de outubro de 2012
Se quiseres vir, venhas...
Se quiseres vir, venhas... és a minha memória da pele...
Se quiseres
vir, venhas... o que está aqui guardado, basta um toque teu para acordar e
eclodir.
Se quiseres
vir, venhas... inteiro, com vontade, pronto para se deixar ficar, não mais
partir.
Se quiseres
vir, venhas... mas não me toques apenas para saciar teu desejo, matar tua
saudade.
Se quiseres
vir, venhas... só não me faças acreditar no impossível, só venhas se for de
verdade.
Se quiseres
vir, venhas... não importa o que ficou para trás, o que deixou de ser vivido.
Se quiseres
vir, venhas... eu sei que o meu sentimento ainda existe, está apenas
adormecido.
Se quiseres
vir, venhas... sempre disseram que nossa história um dia precisaria acontecer.
Se quiseres
vir, venhas... só não sei se consigo ter a ilusão de que a teu lado eu possa
viver.
Se quiseres
vir, venhas... viveremos tudo do começo, desde lá do tempo de nossa adolescência.
Se quiseres
vir, venhas... foi em ti que investi meus sonhos, foi contigo que perdia a
inocência.
Se quiseres
vir, venhas... mas venhas sem olhar para trás, sem dúvidas nem arrependimentos.
Se quiseres
vir, venhas... vamos viver com intensidade, vamos nos entregar com todo
sentimento.
Se quiseres
vir, venhas... sabes que de um jeito ou de outro continuas fazendo parte de
mim.
Se quiseres
vir, venhas... desde os meus onze anos, entendi que este sentimento jamais
teria fim.
Se quiseres
vir, venhas... mas não me acendas a fogueira se não for para domar o fogo.
Se quiseres
vir, venhas... mas não me enredes em teus braços, não faças de mim um jogo.
Se quiseres
vir, venhas... estes versos, tu bem sabes, só inspirada em ti posso escrever.
Se quiseres
vir, venhas... não penso em outra coisa, senão no que pode entre nós acontecer.
Se quiseres
vir, venhas... minh’alma sorriu só em sentir teu cheiro, teu toque, teu jeito
sedutor.
Se quiseres vir, venhas... guardei meu sentimento, tentei te esquecer, mas ainda é vivo este amor.
Se quiseres
vir, venhas... alguma razão há de ter o fato de certas lembranças guardares.
Se quiseres
vir, venhas... estou certa de que transito em teus pensamentos por todos os
lugares.
Se quiseres
vir, venhas... os anos passam, envelhecemos, e o que nos une ainda está aqui.
Se quiseres
vir, venhas... ficarei te esperando, qual roupa ao sol quarando, serei tua até o fim.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Aos mestres que tivemos... E aos que somos...
Hoje é dia de homenagear ao pai de todas as profissões, a quem chamamos
de mestre.
Ele entende de cores, de matemática, de arquitetura, de flores, até de
pintura rupestre.
Hoje é dia de saudar a quem nos ensinou o be-a-ba, a primeira frase, o
primeiro contar.
Quem nos mostrou os caminhos das letras, dos números, do dividir e do
somar.
Sua trajetória é árdua, tem passos corriqueiros, que precisam ser reinventados
a cada dia.
Às vezes começam por uma história, adentram nas artes, religião, física,
ciências, geografia.
Falam de literatura e gramática, com a química auxiliam a vida em seus
laboratórios.
Assim nascem os escritores, os cientistas, os médicos, artistas no palco
de seus consultórios.
Saudemos hoje a primeira professorinha, o diretor da escola, o reitor
da faculdade.
Saudemos os mestres que tivemos, o aprendizado que vivemos, um tempo de
saudade.
Saudemos ainda os mestres sem instrução formal, cujo conhecimento aprenderam
na lida.
São professores sem capelo, doutores sem diploma, ensinam o apreendido na escola da vida.
Seja advogado, engenheiro, delegado, agricultor, marceneiro, veterinário,
mecânico ou pintor.
Seja das artes, da ciência, do campo, da oficina, seja da farmácia, medicina, cozinheiro ou escritor.
Vós, mestres dedicados, que mesmo mal remunerados, com amor
sustentam a sua vocação.
Gritem alto, com firmeza: "_somos professores, com certeza, amamos a nossa profissão".
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Saudando nosso tempo de criança...
... e a menina que mora em mim
No meu tempo de criança, não dispúnhamos de tanta
tecnologia, os nossos brinquedos eram muitas vezes por nós mesmos construídos.
Nossas pipas, nossos carrinhos de madeira, nossos patinetes, nossas bonecas de
pano, nossas bolas e barquinhos de papel. Brincávamos e cultivávamos nosso
jeito moleque, às vezes arteiro, mas sempre carregado de inocência. As
competições eram os jogos com bolas-de-gude, virar figurinhas (o velho bafo),
jogar pião; jogávamos dominó, ludo, tabuleiro de damas; fazíamos jogos de
vocabulários, como o famoso “nome, lugar, objeto...”; brincávamos de
barra-bandeira, seu rei mandou dizer e pique-esconde. Também fazíamos nossas
artes, é verdade. Quem nunca tocou uma cigarra e correu léguas para não ser
descoberto? Quem nunca roubou uma fruta do quintal do vizinho? Quem nunca
chutou uma lata enquanto alcançava o caminho de casa? Quem nunca fugiu de um
castigo para juntar-se aos amigos nas brincadeiras de rua? No meu tempo de
criança, não tínhamos computadores, não sabíamos o que era o videogame. Nossas
bolas eram as mais simples, as nossas bonecas eram as Wanderleias, com o cabelo
de fuá. Saudade dos carrinhos de rolimã, do conjunto de panelinhas, das pipas
feitas com papel de seda e tiras de coqueiro. Na televisão, curtíamos o
programa Vila Sésamo, o Sítio do Pica-pau Amarelo, a TV Globinho... Os nossos
shoppings eram os zoológicos, os parques de bairro, os circos de lona montados
num campo de futebol de várzea, as praças das cidades, os quintais das casas de
nossos avós. Não tínhamos Ipod, Mp5, Itunes. Nossas cantigas se davam no gogó,
durante as brincadeiras de roda, nos bate-papos nas calçadas, nas festas da
escola. No meu tempo de criança, cupcake
era o bolo-de-bacia; tomávamos mais sucos e caldo de cana do que refrigerante;
ao invés de brownies, cookies e trufas, nos deliciávamos com o doce japonês, o
pirulito de caramelo no tabuleiro e o cavaquinho, que, no fundo, não tinha
gosto de nada, mas todo mundo ficava louco quando o “homem do cavaquinho”
passava. O bife com batatas, arroz e feijão da nossa mãe era mais disputado que
rodízio de pizza na promoção. No meu tempo de criança, costumávamos fazer as
refeições com a família inteira, todos sentados em volta da mesa. Respeitávamos
os mais velhos, cumprimentávamos mais as pessoas, pedíamos “a benção” aos
nossos pais, avós, tios, padrinhos... No meu tempo de criança, éramos, de fato,
criança, se preparando para a idade adulta. Hoje, as crianças se tornam
adultas antes do tempo e depois lamentam não poder mais voltar à idade da inocência.
Neste dia especial, meus versos são dedicados às crianças da nossa época, mas,
especialmente, à criança que fui e à criança que ainda sou, disfarçada numa
fantasia de mulher.
A criança que mora em mim tem
bichinhos de pelúcia, brinca de bonecas, de casinha.
A criança que mora em mim ainda é moleca
e quer roubar frutas no quintal da vizinha.
A mulher que hoje sou ainda sonha com o
brinquedo que nunca ganhou.
A mulher que me tornei ainda se
entristece pelos projetos que não conquistou.
A criança que fui queria ser uma pessoa
forte, decidida, desbravadora.
A criança que fui era sorridente, tímida,
porém tagarela e sonhadora.
A mulher que vive em mim se mostra
inocente, tem medo do silêncio e da escuridão.
A mulher que sou viveu as
dores que sua criança jamais sentiu no coração.
A criança que mora em mim anseia em
voltar um dia ao passado e viver tudo outra vez.
A criança que em mim adormece quer rever
suas molecagens e fazer tudo que não fez.
A mulher que hoje sou me pede seriedade,
firmeza e paciência exige de mim.
A mulher que me tornei levará as traquinagens de sua criança interior até o fim.
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Ao Povo Nordestino...
Nordestino, sim sinhô...
Hoje é dia do nordestino, povo paidégua, que assume sua origem sem
fuleragem.
Um povo que mesmo sofrendo é presepeiro, mungangueiro e cheio de
coragem.
Hoje é dia do nordestino, que sai de casa desde menino buscando sucesso
na cidade.
Longe do seu povo, não dá corda ao sofrimento, mas chora escondido, roxinho
de saudade.
Hoje é dia do nordestino, povo arretado, batalhador, sem fricote, sem
pantim.
Adora charque com macaxeira, que por aí botaram o nome de carne seca e
aipim.
Hoje é dia do nordestino, que ao ouvir o cacarejo do galo, bate palmas
pro nascer do sol.
Onde é a lida não importa, seja na cidade ou na roça, ele tem por
companhia o cantar do rouxinol.
Hoje é dia do nordestino, cabra macho, que doma cavalo xucro, vaca, boi
e garrote.
Sujeito brabo, bom de peleja, que um bom chamego não enjeita nem um fungado
no cangote.
Hoje é dia do nordestino, que tem uma ruma de remelento correndo solto
no quintal.
Povo forte, cheio de fé no Padim Ciço, que ainda pesca com caniço e
come manga com sal.
Hoje é dia do nordestino, do sertão, da macambira, do xique-xique, do
solo rachado.
Hoje é dia da folia de reis, do maracatu, do samba de crioula, do
frevo, do congado.
Hoje é dia de um povo que dança, que faz festa, se encanta e não foge
de briga.
Mesmo quando a chuva não vem, quando a comida rareia, mesmo quando o
cansaço castiga.
Hoje é dia do nordestino, home véi, seu menino, não me
apoquente que eu tô avexado!
Já botei holandês pra corrê na ponta da minha peixeira, e
ainda comi cuscuz com bode guisado.
Não bula comigo, que num levo desaforo, dô-le na taba do quêxo, faço seu
zóio virá.
Danço um xaxado na sua cova, chamo Lampião e Gonzaga, boto os dois pra lhe assombrá.
Hoje eu quero um baião de dois cearense, o acarajé da baiana, a pata de uçá alagoana.
Quero um capote piauiense, o arroz-de-cuxá maranhense, uma mariscada sergipana.
Chama o rubacão paraibano, desce uma lapada de cana e ginga com tapioca potiguar!
Arremato com bolo de rolo da minha terra, de bucho cheio eu faço festa até o dia clarear.
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