quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Os Diálogos do Meu Corpo

...meu corpo te convida a dialogar


Se é verdade que o corpo fala, o meu grita alto e tem texto para formar uma história.
Tagarela descontrolado, canta, puxa um verso, vagueia em sensações contidas na memória.
Um vai-e-vem de arrepios, um comichão, um desvario, um frio na alma afogueado.
Sinto-me enfeitiçada, ao mesmo tempo saciada e com todo meu ser esfomeado.

Tu chegaste de mansinho, reviraste-me inteira, me desnudaste com o teu olhar.
Com as tuas mãos me percorreste, a minha fogueira acendeste, me convidaste a dançar.
Atendi ao teu chamado, segui o teu compasso, mergulhei em teu abraço, como se fora um troféu.
A minha saudade sorriu agradecida, contigo quero tudo da vida, ao teu lado estou no céu.

Se eu pudesse, o que sinto, o que vai dentro do peito, o que exala a minha pele, em palavras descreveria.
O meu corpo exclama forte, para ele não é segredo, ser tua, ter-te meu é o que alimenta a minha alegria.
Vai além de uma paixão, é muito mais que prazer, é a mais pura exaltação do maior dos sentimentos.
É o que em mim permanece intenso, vindo de lá desde menina, e revive a cada toque, a cada momento.

Pergunto-me admirada: quem és tu, oh, feiticeiro? De onde vem tua magia? Existes ou és miragem?
O meu corpo sussurra ao meu ouvido: ‘é o teu amor de sempre, menina, não apenas uma imagem’.
E meu corpo não para, segue comigo dialogando, relembrando o que vivemos e reclamando tua partida.
Ele implora a tua volta, e me pede que te diga: 'independente de como vivamos, seremos verdadeiramente e sempre um do outro... até o fim da vida'.




segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Folia Pernambucana

“♫♪ É só aqui que tem, é só aqui que há...♫♪”




Carnaval, a festa do povo, a celebração das raças, o misturar de foliões, os vai-e-vem desencontrados.
Não importa a roupa, as ladeiras ou calçadas, se o gasto vai ser muito, se os bolsos estão furados.
O povo brinca como quer, se mistura aos ricos, pouco importa de onde vem, em nada conta o seu falar.
O branco dança com o negro, o de cara limpa abraça o mascarado, o mote aqui é contagiar.

O sobe e desce não é coisa mansa, mas aqui só fraqueja quem descansa antes de alcançar o por do sol.
Se anoitece, a festa continua, corre solta pela madrugada, e recomeça, quem diria, ao cantar o rouxinol.
Em Olinda tudo é belo, branco, azul, verde, amarelo, um arco-íris de energia sob o céu de nossa terra.
Em Recife, desde lá do Marco Zero, se é o litoral ou sertão o que eu quero, o sorriso é o que impera.

Nosso Carnaval é o bailar de brincantes descontraídos, esquecidos de suas vicissitudes e carências.
É o soltar a imaginação, entregar-se aos devaneios, despojar-se das mais puras decências.
Há quem se recolha, quem se guarde, quem desgoste destes dias e se coloque em oração.
Há quem apenas queira viver um instante de euforia, desfilar sua alegoria, sentir vibrar o coração.

Nosso Carnaval é o encontro da ilusão com a folia, do real com a magia, é cor, luz, é explosão de alegria.
É liberar-se do “eu” disfarçado, ter o gigante adormecido acordado, é despir-se da própria fantasia.
Têm violões, trompetes, alfaias, rabecas, clarinetes entoando seus acordes em movimentos sem iguais.
É um mês inteiro de festa, de foliões ao encontro de si mesmos e de momentos que não voltarão jamais.

Tem a leveza do nosso frevo, as mãos unidas numa ciranda, o vibrar do maracatu, tudo revela a nossa raiz.
É a cultura de um povo que celebra a sua história, canta, dança, comemora, se permite ser feliz.