quinta-feira, 23 de julho de 2015

O correr das horas...

...dos instantes que nos governam...

Fonte: www2.uol.com.br

05h... nasça o sol ou caia a chuva, o despertar é exigido. Não importa se o cansaço impera, não importa o pouco que se tenha dormido. Geralmente se dá uma batalha interna, mas o dever te chama; o sono insiste em marcar presença, o corpo moído reclama; a crise lá fora é intensa, dispensar o ‘garantido’ não é prudente. Aproveitas o que tens no agora, o amanhã a ti não pertence.

08h... a luta entra no seu primeiro round... Corre! Atende ao telefone! Volta, há uma mensagem no Whats App! Abre o e-mail, responde! Atualiza o cronograma, envia datas, monta a agenda, revisa a pauta! E aquele texto? E o slide revisado? E apostila do curso tal, quando poderá ser impressa? São apenas 400 páginas, revisa logo, temos pressa! Chegou um trabalho! É um artigo? Não, uma tese de doutorado!

12h... o estômago se remexe em cócegas, revelando as suas necessidades. Queria, mesmo, era estar em casa, podendo mastigar com tranquilidade. Come rápido! Engole, o tempo é curto! Volta, retoma o trabalho! Ainda não terminou? Que absurdo!

16h... os pés cresceram, as mãos estão mais lentas. Segura onda, corpo! Não desanima, insiste, aguenta! Já são 18h? – pergunta a consciência! Falta pouco – responde o cérebro, só mais um pouco de paciência. Não sei para que este desejo de ir-te embora – diz ele com sarcasmo, se tua jornada não é decente. Ainda há muito por fazeres. Sabes de nada, inocente!

18h... corre! O Expresso não te espera! Cuidado ao atravessar a rua, menina, se queres ainda viver longa era! O trânsito não é cristão, ele pouco se importa com a tua agonia. Quem tem pressa és tu, para ele não faz diferença, é sempre o mesmo todo dia.

20h... enfim, em casa. Sim... é, de fato, esta hora. Poderiam ser apenas 40 minutos, mas a chegada demora. Tomar banho, fazer o jantar, dar conta das coisas da casa. Meu Deus! Ainda tem aquela tese, transcrições dando cria. Aguenta, criatura, não era isto que tu querias? Reclamar, realmente, não te cabe, apenas orações e agradecimentos têm valia.

00h... e tu achas que já vais para cama? É cedo, o trabalho ainda te chama. Mas um sussurrar ao pé do ouvido te convida; é o calor dele que desejas, é a melhor parte da tua vida. Vai, namora um pouquinho e volta, aproveita a volúpia, que ainda é a mesma desde o primeiro olhar; a chama mudou, é mais acesa, posto que agora é completa, não mais apagará.

01h... agora é pra valer, deita, descansa um pouco, amanhã é outro dia, e o acordar é quase agora. O repouso dura quase nada, daqui a pouco, de novo, serão 05 horas. E a gente segue se perguntando: para quê tanto alvoroço? Por que se corre tanto nesta vida? Para onde a gente vai nada se leva, se deixa tudo para trás... se a gente é mesmo poeira jogada ao vento, pó de traque de massa, nada mais...

quarta-feira, 15 de julho de 2015

A escravidão velada e o falso poder...

...dos senhores dos engenhos de concreto.


Fonte: www.construir.daysesene.com


No passado, os grilhões eram de ferro. Os de agora são aqueles da necessidade de sobrevivência, aqueles que calam o berro. No passado, eram as senzalas. Nos dias atuais, algumas salas. Nos troncos do passado, as chibatas deslizavam pelas costas, arrancando pele e tudo; os troncos de agora são mobiliados, as chibatas vestem seda, caxemira e veludo. Antigamente, o branco prevalecia, até quando menos abastado era respeitado, hoje nem ele tem regalia. O que importa mesmo é quem tem; se as cifras forem altas, eis aí sua grande valia. Nos idos do coronelato, o cuidado com o outro era destinado a poucos. Agora, raramente ele marca presença. A empatia se distancia do dicionário, colocar-se no lugar do próximo é ofensa.

No ditado herdado da cana-de-açúcar “mandava quem podia, quem tinha juízo obedecia”. Os coronéis seguem sem patentes, mas o adágio foi reformulado, o que se ouve é assim: “manda aquele que mais dinheiro tem no bolso, obedece quem dele necessita para seguir vivendo, quem quiser que ache ruim”. A ganância, sabemos, é coisa de outrora, sempre esteve presente, é inerente à vida. O que difere do passado é que agora ela é mais escancarada, justificada, até defendida. “Liberté, égalité, fraternité” é frase que marca a história, aconteceu bem longe daqui. Nas bandas cá, até ao pensamento querem impor grades, nada de igualdade, fraternos, só os afins.

Tolice daqueles que se julgam indestrutíveis, que seguem emendando correntes, arrebatando escravos, presos em seus nós. Não há construção sem o outro, nada edificamos, nada criamos se estamos sós. Poderosa mesmo é a morte, que, sem pedir licença, se abanca, toma pelas mãos seus escolhidos, desnudos de sua riqueza, soberba, ganância e falso poder, e os conduz rumo ao desconhecido, deixando tudo para trás. Lembrando-os de que de mãos vazias viemos, de mãos vazias findaremos, seremos poeira jogada ao vento... destruídos num sopro... nada mais.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Da magia de ser tua e ter-te meu...

E quando nos amamos...

Fonte: www.clubeaiubi.ning.com

Tem magia, tem mistério, tem sedução, tem alegria, é um tanto surreal.
É um frio na barriga, uma mistura de quereres, uma explosão de desejos sem igual.
Tem um medo sem sentido, um nervosismo desmedido, a certeza do que vai acontecer.
É um arrepio na espinha, um remexer no corpo inteiro, o partilhar do prazer.

Tudo em mim ganha novas cores, a cada entrega sou em ti uma mulher renascida.
Viajo em tuas mãos que me varrem inteira, percorrem meu corpo, me deixam enlouquecida.
Tudo em ti também se renova, tua pele adoça, teus olhos brilham, é visível em teu sorriso.
Embriago-me com teus beijos, bebo o néctar de tua boca, que me alimenta do que preciso.

E quando nos amamos...

Não cobiço a lua, pois te transformas no meu sol, me fazes tua estrela, me conduzes ao céu.
Há uma invasão de ternura, sinto minha volúpia saciada quando me invades com teu mel.
Tem a cumplicidade do olhar, que traduz nossa linguagem, que um ao outro devora.
Tem o materializar do pensamento, o dar a vida ao sentimento, sem tempo nem hora.

Tem o perder-se mutuamente e reencontrar-se suavemente com minh’alma a tua invadida.
Tem o delírio que nos adormece, nosso corpo inteiro amolece, nossa alma embevecida.
Tem o deixar um no outro o gosto, uma vontade de começar de novo, de reiniciar nossa dança.
Tem o “que o dia passe ligeiro” e a noite recomece, redesenhando nossas pernas em nova trança

E quando nos amamos...
Misturamos os olhares e nos sabemos sem nada nos dizer.
Somos um no outro completados, entregues à alegria de um no outro viver.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Vivo o que sinto...

....E sinto tudo o que desejo viver

                                  Fonte: www.mariabonitapoesia.com.br

Não me peçam pouco. Só me entrego por inteiro, sou um todo e não uma porção.
Não me digam para pensar. Quem me comanda é o coração.
Não me peçam frieza. Sou todo o corpo, dentro e fora, emoção.
Não me digam para não sentir, minha pele, indiscreta, é pura explosão.
Não me peçam calma. Só sereno em ebulição.
Não me digam: espere! Sou um trem governado, mas carrilado na contramão.
Não me peçam para engolir as vontades. Sou desejo em eterna construção.
Não me digam para calar minh’alma. Ela mantém viva a minha inspiração.
Não me peçam o futuro. Meu querer é agora. Vivo o minuto e não a hora, a cada batida do coração.