quarta-feira, 15 de julho de 2015

A escravidão velada e o falso poder...

...dos senhores dos engenhos de concreto.


Fonte: www.construir.daysesene.com


No passado, os grilhões eram de ferro. Os de agora são aqueles da necessidade de sobrevivência, aqueles que calam o berro. No passado, eram as senzalas. Nos dias atuais, algumas salas. Nos troncos do passado, as chibatas deslizavam pelas costas, arrancando pele e tudo; os troncos de agora são mobiliados, as chibatas vestem seda, caxemira e veludo. Antigamente, o branco prevalecia, até quando menos abastado era respeitado, hoje nem ele tem regalia. O que importa mesmo é quem tem; se as cifras forem altas, eis aí sua grande valia. Nos idos do coronelato, o cuidado com o outro era destinado a poucos. Agora, raramente ele marca presença. A empatia se distancia do dicionário, colocar-se no lugar do próximo é ofensa.

No ditado herdado da cana-de-açúcar “mandava quem podia, quem tinha juízo obedecia”. Os coronéis seguem sem patentes, mas o adágio foi reformulado, o que se ouve é assim: “manda aquele que mais dinheiro tem no bolso, obedece quem dele necessita para seguir vivendo, quem quiser que ache ruim”. A ganância, sabemos, é coisa de outrora, sempre esteve presente, é inerente à vida. O que difere do passado é que agora ela é mais escancarada, justificada, até defendida. “Liberté, égalité, fraternité” é frase que marca a história, aconteceu bem longe daqui. Nas bandas cá, até ao pensamento querem impor grades, nada de igualdade, fraternos, só os afins.

Tolice daqueles que se julgam indestrutíveis, que seguem emendando correntes, arrebatando escravos, presos em seus nós. Não há construção sem o outro, nada edificamos, nada criamos se estamos sós. Poderosa mesmo é a morte, que, sem pedir licença, se abanca, toma pelas mãos seus escolhidos, desnudos de sua riqueza, soberba, ganância e falso poder, e os conduz rumo ao desconhecido, deixando tudo para trás. Lembrando-os de que de mãos vazias viemos, de mãos vazias findaremos, seremos poeira jogada ao vento... destruídos num sopro... nada mais.

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