...dos senhores dos engenhos de concreto.
Fonte: www.construir.daysesene.com
No passado, os grilhões eram de ferro. Os de agora são aqueles da
necessidade de sobrevivência, aqueles que calam o berro. No passado, eram as
senzalas. Nos dias atuais, algumas salas. Nos troncos do passado, as chibatas deslizavam
pelas costas, arrancando pele e tudo; os troncos de agora são mobiliados, as
chibatas vestem seda, caxemira e veludo. Antigamente, o branco prevalecia, até
quando menos abastado era respeitado, hoje nem ele tem regalia. O que importa
mesmo é quem tem; se as cifras forem altas, eis aí sua grande valia. Nos idos
do coronelato, o cuidado com o outro era destinado a poucos. Agora, raramente
ele marca presença. A empatia se distancia do dicionário, colocar-se no lugar
do próximo é ofensa.
No ditado herdado da cana-de-açúcar “mandava quem podia, quem tinha juízo
obedecia”. Os coronéis seguem sem patentes, mas o adágio foi reformulado, o que
se ouve é assim: “manda aquele que mais dinheiro tem no bolso, obedece quem dele
necessita para seguir vivendo, quem quiser que ache ruim”. A ganância, sabemos,
é coisa de outrora, sempre esteve presente, é inerente à vida. O que difere do
passado é que agora ela é mais escancarada, justificada, até defendida. “Liberté, égalité, fraternité” é frase
que marca a história, aconteceu bem longe daqui. Nas bandas cá, até ao pensamento
querem impor grades, nada de igualdade, fraternos, só os afins.
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