domingo, 19 de maio de 2013

Coragem!

... quando nada mais nos restar a não ser esperar... esperar...

                                               [Foto: Art of Woman]

Os tombos vêm e nos dizem: “levante-se! Seja forte!”
Todos têm uma receita, há sempre quem indique um norte.
Você tenta seguir com firmeza, segurar o sorriso, manter-se de pé.
Fala para si mesmo: "_já levei rasteiras piores, não é agora que perderei a fé!".

A noite traz o vazio, a solidão, as sombras lhe cegam, seus olhos escurecem.
O sono não lhe revelou um sonho bom, nada de novo surgiu, as respostas entristecem.
O dia amanhece tristonho, o sol desponta esfuziante, mas a nuvem que o encobre é escura.
Você dobra os joelhos e ora, uma saída implora: “liberta-me, oh, Senhor, desta amargura”!

A angústia lhe invade o pensamento, o desespero se apresenta, você recua, fraqueja.
Você pensa nas batalhas travadas, nas vitórias já alcançadas, e insiste continuar na peleja.
O cansaço às vezes se apresenta, a sua força afugenta, esta luta lhe parece difícil de vencer.
Mas você, que sempre agiu como um bravo, suportou tanto agravo, não deve deixar se abater.

A incerteza desabilita a sua crença, “estou com medo!”, você pensa, se sente sufocar.
Há um Deus vivo em seu coração, que nunca a deixará na mão, você precisa acreditar.
“Coragem!” – grita para si mesmo; de novo retruca: “não se apresse, que Deus vai lhe ouvir!”
Sua hora virá, não desista e verá, que se agora a agonia perdura, perecerá no porvir.

Nada é eterno, nem o bem nem o mal, nem a chuva, nem o sol, nem o choro, nem o riso.
Se hoje houve derrota, foi só um combate, sua luta será de vitórias: acreditar nisto é preciso.


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Desejos... de ti...

...em brasas, mas com asas cortadas, receio deixar-me queimar...


(Foto: Art of Woman)

Tenho sede, mas não é de água; tenho fome, mas o alimento não é o natural.
Tenho desejos tolos, um calor escaldante me consome, nada em mim é normal.
Tenho vontades bem sei de quem, imploro sei bem o quê, mas seguir não sei para onde.
Tenho passos cambaleantes pela casa, e na garganta um grito preso que se esconde.

Sou querer dos pés à cabeça, talvez até me perca em saber o que é de verdade.
Sou um rebuliço atordoado, meu corpo inteiro cansado, inundado de saudade.
Sou um orgasmo contido, louco por uma explosão, palpitando o coração, querendo sair.
Sou um fogo alucinado, um prazer desgovernado, se sinto, não guardo, isto não sei fingir.

Sou assim como me vês, não iludo, não tenho melindres, deixo minh’alma falar por mim.
Sou como sabes, desde sempre, mas revelas que te surpreendes quando me mostro assim.
Sou uma borboleta que renova as suas asas, alçando um novo voo quando estou ao lado teu.
Sou transparente no sorriso, tu me entendes pelos meus gemidos ao ser tua e ter-te meu.

Quero me jogar nesta agonia, até amanhecer o dia, em teu corpo me embriagar.
Quero deixar fluir a excitação, liberar toda esta pressão, em teu peito me aninhar.
Quero que me adentres sem receio, corras, voltes, puxes o freio, num movimento melodioso.
Quero olhar-te por dentro, revisitar teu sentimento, meu corpo no teu harmonioso.

Vem matar esta saudade, faz em mim tua morada, acalma minha brasa, refrigera a minha boca.
Vem saciar os meus desejos, cura-me com teus beijos, por ti me perco, sou inteiramente louca.


quarta-feira, 1 de maio de 2013

Emoção x Razão

...quem pode saber o que é certo fazer?

(Foto: Art of Woman)

Meu coração anda inquieto, bate descompassado, aponta para o improvável.
Meu coração é inocente, age como um tolo adolescente, busca o inalcançável.
Eu puxo o freio, tento controlá-lo, ele não recua, me ignora, só faz o que quer.
Digo-lhe que ele não é mais um menino, que me ouça, não saia fugindo, mantenha-me de pé.

Meu corpo parece querer acompanhá-lo, se remexe inteiro, tentando se entregar.
Eu giro os sentidos para o outro lado, ele ecoa um grito guardado, ansioso por se libertar.
A razão reclama a sua palavra, mas coração e corpo a desprezam, dispensam sua preocupação.
Eu cá fico dividida: atendo ao que é coerente ou ao que imploram os impulsos da minha emoção?

Meu coração anda arredio, controla até o que penso, parece funcionar sozinho.
Meu corpo segue seus passos, desfaz uma a uma as linhas que tracei para o meu caminho.
A razão insiste em provar sua certeza, argumenta com firmeza, mas a sua opinião é vã.
Estes dois estão decididos, querem se jogar no desconhecido, viver o agora e não o amanhã.

Juntos comandam as minhas lembranças, fixadas num rosto que encontrei outro dia.
Tinha os olhos sedutores, uma boca emanando vários sabores... quisera tê-la, me deliciaria.
Parecia um moleque sem jeito, mas sacudiu o meu peito, tirou-me do rumo, revirou o meu juízo.
Não quero alimentar o meu desejo, não posso ficar só na vontade, mas daquilo tudo eu preciso.

Meu coração anda me traindo, meus propósitos destruindo, cismou de me desobedecer.
Meu corpo nada acanhado, responde-me todo malcriado: coração foi feito para bater.
A razão se intimida, a coitada segue firme na lida, mas sozinha não pode com dois.
E se eu me guio pela emoção, seus bandoleiros, digam: quem irá juntar os meus cacos depois?