...quem pode saber o que é certo fazer?
(Foto: Art of Woman)
Meu coração anda inquieto, bate descompassado, aponta para o improvável.
Meu coração é inocente, age como um tolo adolescente, busca o inalcançável.
Eu puxo o freio, tento controlá-lo, ele não recua, me ignora, só faz o
que quer.
Digo-lhe que ele não é mais um menino, que me ouça, não saia fugindo, mantenha-me
de pé.
Meu corpo parece querer acompanhá-lo, se remexe inteiro, tentando se
entregar.
Eu giro os sentidos para o outro lado, ele ecoa um grito guardado, ansioso
por se libertar.
A razão reclama a sua palavra, mas coração e corpo a desprezam, dispensam
sua preocupação.
Eu cá fico dividida: atendo ao que é coerente ou ao que imploram os
impulsos da minha emoção?
Meu coração anda arredio, controla até o que penso, parece funcionar
sozinho.
Meu corpo segue seus passos, desfaz uma a uma as linhas que tracei para
o meu caminho.
A razão insiste em provar sua certeza, argumenta com firmeza, mas a sua
opinião é vã.
Estes dois estão decididos, querem se jogar no desconhecido, viver o agora e não o amanhã.
Juntos comandam as minhas lembranças, fixadas num rosto que encontrei outro
dia.
Tinha os olhos sedutores, uma boca emanando vários sabores... quisera
tê-la, me deliciaria.
Parecia um moleque sem jeito, mas sacudiu o meu peito, tirou-me do
rumo, revirou o meu juízo.
Não quero alimentar o meu desejo, não posso ficar só na vontade, mas daquilo
tudo eu preciso.
Meu coração anda me traindo, meus propósitos destruindo, cismou de me
desobedecer.
Meu corpo nada acanhado, responde-me todo malcriado: coração foi feito
para bater.
A razão se intimida, a coitada segue firme na lida, mas sozinha não pode
com dois.
E se eu me guio pela emoção, seus bandoleiros, digam: quem irá juntar os meus cacos depois?
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