domingo, 30 de dezembro de 2012

Alegria, êxtase... Vazio, solidão...

Ter-te e perder-te a cada dia... e outra vez ter-te... e perder-te...


A alegria tem me invadido há alguns dias, permitindo-me viver o êxtase do sonho tornado realidade.
Adormeço embriagada pelas lembranças dos carinhos trocados, pela cura da saudade.
Porém, o amanhecer sempre me devolve a tristeza, o vazio, a distância, o silêncio que grita alucinado.
Os pensamentos insistem em aportar em terras proibidas, o peito segue batendo angustiado.

Não sei viver pela metade, nunca soube medir o que devo sentir, a minha entrega é verdadeira.
Sou paixão, verdade, emoção, sou a que te sente pelo olhar, a tua espera de uma vida inteira.
Sou aquela que cala sua dor, a que finge que tudo acabou, mas o que a devora por dentro é amor.
Não compreendo meia felicidade, eu te quero de verdade, o que sinto por ti outra vez desabrochou.

Quando me tomas em teus braços, tudo em volta pouco importa, perde os sentidos.
Tenho vontade de gritar bem alto meu arrebatamento, mas me delicio apreciando teus gemidos.
Quando me faço tua, realidade e devaneio se confundem e se entrelaçam em nossa chama.
Nosso enredo só se faz entendido por nós, nos encontramos por que nos perdemos em nossa trama.

Meu ser anda inquieto, minha alma clama mais de ti, implora compreender o que te vai por dentro.
Não quero dar razão à tristeza e apagar o que vivemos, não quero dar voz ao lamento.
Mas preciso dizer que o que me dás é pouco, sei que de ti muito mais mereço.
Eu te quero desde menina, em teus braços me fiz mulher, me conheces até pelo avesso.

Em pleno verão, a minha noite é fria e triste, mas em meu corpo ainda sinto o calor que emana do teu.
Fecho os olhos e me perco, percebo-te em mim, tua boca na minha, teu olhar cruzando o meu.
Só mesmo transformando em poesia tudo o que me angustia, que me leva a rir e a chorar.
Rogo ao céu um novo dia, outra vez ser tua, que alegria, nossa história de novo recomeçar.


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Uma releitura de nós


Relendo a nossa história e reescrevendo novos capítulos...


Quero dizer o que sinto, mas desta vez tenho medo de pelo avesso me deixar mostrar.
Quero expressar o que vai em minh’alma, mas há segredos que nem ao silêncio ouso contar.
Queria compreender a linha tênue entre ‘o posso, mas não devo’, entre o temor e a coragem.
Queria fazer tudo o que desejo sem pensar se pode ou não ter volta esta viagem.

Meu peito anda desconcertado, vontades absurdas meu corpo reclama, é como me sinto.
Busco pesar o certo e o errado, mas quero atender aos apelos dos meus desejos, eu não minto.
Divido-me entre o ‘reler alguns capítulos da nossa história’ e o ‘deixar o livro fechado’.
Deveria pensar numa reescrita ou dar o texto por completamente encerrado?

Insisto numa releitura, descubro páginas amareladas, cuja tinta teu cheiro exala.
Fecho os olhos, me embriago, mergulho no passado e todo o meu corpo fala.
Arrepio-me imaginando o toque de tua pele; divago alucinada por este perfume.
Sufoco os anseios de não estar em teu colo agora, não ser tua neste instante é o meu queixume.

Uma simples troca de olhar, um sorriso reciprocado, nada mais há em volta, apenas nossa magia.
Parágrafo a parágrafo, vamos inserindo novas linhas, criando e vivendo nossa fantasia.
Vou me perdendo em teu mistério, creio ser o que dizes: a tua biografia.
Conheço cada parte do teu corpo, tenho em mim tatuado cada palmo de tua anatomia.

A mim, tu me conheces por inteira, sabes das minhas reticências, vírgulas e travessões.
Cada trecho que em mim escreves em nada duvidas, descobres uma a uma as minhas indagações.
Interrogas-me, me exclamas, dize-me “tremas”, a gramática é nossa, não faz mal.
Entendes cada vez que preciso de um acento e sabes sempre chegar ao meu ponto final.

Tantos encontros, desencontros, reencontros, e o mesmo gosto, o mesmo aroma, o mesmo calor.
Os intervalos são longos, mas os desejos seguem intensos, apreciamos a cada dia o nosso sabor.
Nossa história foi há mais de 30 anos escrita e quando menos esperamos nova página é inventada.
São capítulos infinitos, uma novela sem fim, de tempos em tempos reeditada.

Que venham novas páginas, intermináveis parágrafos, capítulos infinitos, deles não vou fugir.
Quero vivê-los intensamente cada vez que clamarem para um novo trecho eu inserir.
Somos capa, contracapa, orelha, dorso, um livro inteiro de nós dois.
Convido-te a uma nova leitura e reescrita e o 'será' e o 'talvez', o 'podemos' e o 'não devemos'... editaremos depois.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Revelando o clamor do meu desassossego...

O retorno da poesia... O reacender do sentimento


Amo-te inteiro e tanto e sempre...
A cada encontro, a cada volta, a cada espaço de tempo em que distantes estamos.
Amo o teu corpo, onde o meu descansa, e o calor que sinto em tua boca.
Amo a magia do estar ao teu lado e o repouso tranquilo depois de ter-te e tu a mim.
Amo o mistério que se fez em nossas vidas:
Nosso tempo de inocência, nossas trocas de olhares na adolescência...
Nossos caminhos separados, inevitavelmente sempre cruzados.
As idas e vindas dos anos, as alegrias, os desenganos e o destino astutamente sempre nos juntando.
Amo lembrar-me do nosso primeiro beijo, da minha espera até o feliz momento de me tomares numa entrega inteira para ti.
Amo a incerteza de jamais me pertenceres, e mais ainda a certeza de que, de algum modo, sempre serei tua.
Amo o teu olhar que me despe e as tuas mãos que em mim tão deliciosamente deslizam.
Amo a dor quando me adentras e o delírio quando em mim derramas o teu gozo.
Amo o amor que fazemos, o modo de me teres tua, mesmo que por um instante, mesmo que por um breve momento.
Amo a expectativa do reencontro, às vezes por anos, e ainda mais a tua chegada.
Amo tua voz, teus beijos, teu sorriso, teu colo, teus suspiros, teu silêncio...
Teu enrosco em meu pescoço, tua companhia, tua ironia, tua simplicidade, tua autenticidade...
Teu cuidado, teu carinho, teu toque...
Em que pese as voltas que o mundo dá, as pessoas que passaram ou passarão em minha vida...
Este sentimento sempre estará aqui...
E sempre reacenderá cada vez que nossos corpos se encontrarem e flamejarem em nossa eterna chama.
Não sei como isto se dá, não sei ao certo a razão.
Como diriam... só sei que é assim.
Amo-te inteiro e tanto... e sempre... Corpo, alma e coração.



segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Ao meu 14 de dezembro...

Brindando ao meu aniversário...



Muito por agradecer a Deus.
Muito ainda por fazer. Muito ainda a desejar.
Muita música ainda por cantar, muitos passos ainda a ensaiar, muitas linhas ainda a escrever...
Muitos abraços para buscar, muitos sonhos para tornar realidade...
Muito ainda a aprender, muito ainda a refletir, muito ainda a mudar, aprimorar.
45 anos de quedas, vitórias, lições aprendidas, experiências, molecagens, entrega
s.
45 anos de erros, prantos e muitos risos.
45 anos cada vez mais desejosos de viver intensamente, 
com tudo, por tudo, para tudo, em tudo.
45 anos cada vez mais eu, sem descuidar do "nós".
Porém, desatando os nós que de vez em quando nos 
prendem em nós mesmos.
45 anos com gosto de que venham tantos outros: que a menina que em mim habita permaneça sempre 
comigo, alegrando-me quando a tristeza encontrar a mulher que sou.
Que a mulher que em mim faz morada não solte a mão da menina que sempre serei: a moleca risonha, a 
sonhadora e que só quer de presente da vida um contínuo ato: VIVER!
Obrigada, Senhor, por mais um ano! Sem ti, não faria sentido.


domingo, 2 de dezembro de 2012

Desassossego... Mansidão... Inquietude

Rendendo-me aos apelos do querer... e querendo cada vez mais...


A inquietude não cessou, mas o rebuliço deu lugar à serenidade, há em mim certa calmaria.
Porém, nem tudo fora amansado, deu-se apenas um sopro onde eu queria forte ventania.
Ainda assim, adormeci ao som dos anjos, despertei com a alma alegre e sorridente.
Por me deixar vencer pela tentação, meu querer ganhou forma e agradeceu-me, todo contente.

Reencontrei-me com uma parte de mim perdida, lá longe esquecida, mas viva, intensa.
Já falei não tratar de futuro, só o hoje me interessa, mas a vontade de reviver o ontem é imensa.
Meu corpo dança alegremente, embalado pela melodia de uma saudade vivida.
Mergulhei na fantasia, entreguei-me àquela folia, em meus delírios fui atendida.

Por tanto desejo guardado, a inquietude se mantém firme, uma fogueira flerta comigo a toda hora.
Quero embriagar-me mais deste néctar que me acaricia, nutrir-me deste alimento sem demora.
Tudo em mim ainda chacoalha agitado, nem tudo o que sinto fora de todo esgotado.
Careço gastar toda esta energia, fazer muita estripulia, até sentir meu corpo inteiro saciado.

O desassossego foi acarinhado, mas ainda sofre, pobre coitado, chora a sua agonia.
Deseja mais do que lhe fora ofertado, quer repetir a dose, quer tudo aquilo todo dia.
O corpo descansa amolecido, foi-se um tantinho de inquietude, é verdade, o rebuliço serenou.
Mas tudo em mim grita forte, e toda aquela loucura vivida um gosto de quero mais deixou.


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Desassossego do Querer – Parte II: Completamente dominada...

Entregando-me a este querer que se agiganta e grita sua inquietude...


Há em mim uma inquietude que me sacode, me aferventa a alma, que me desconcentra.
Adormece comigo, me acorda aos primeiros raios de sol, no desjejum me alimenta.
E segue pelo dia, me cutucando de vez em quando, a toda hora se fazendo presente.
Não a quero por perto, não a peço que fique, mas ela chega e se aboleta, insistentemente.

Não controlo seu vai e vem, busco outra direção, mas quando menos espero ela aparece.
Tento desviar o pensamento, deixá-la no esquecimento, pego o terço, faço uma prece.
Por ora, ela me angustia, e diz que é para minha alegria, mas sinto ser meu martírio.
Outras vezes, vem toda faceira, me leva a pensar besteira, me convida ao delírio.

De vez em quando se materializa, fala comigo, me traz um sorriso, sua mão me acaricia.
Não é sonho, eu não estou dormindo, é sua voz me sussurrando uma doce melodia.
Mas nem sempre é assim tão mansa, é voraz, solta seu brado, me sacoleja inteira.
Meu corpo todo é quem sofre, os poros saltam arrepiados, acende em mim uma fogueira.

A inquietude tomou gosto, invadiu-me por completo, usurpou tudo o que é meu.
Sendo assim, não mais luto, mesmo com seu toque bruto, venha e tome posse do que é seu!
Não resistirei ao seu fascínio, entregar-me-ei aos seus domínios, ao que teremos por viver.
Jamais dirá que fui covarde, que tive medo do que arde, serei sua, em si quero me perder.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O Desassossego do Querer...


Meu querer pode não ter nome, mas tem rosto, corpo e se avoluma em mim...


Meus pensamentos fervilham, há em mim um rebuliço, não sei o que dizer nem como traduzir.
Quero contar o que sinto, mas não sei descrever o que vai por dentro, nem o que é o meu sentir.
São tantos desejos guardados, tantas coisas por fazer, tanta vontade contida.
Estou explodindo por dentro, a alma toda se remexendo, querendo tudo da vida.

Rio sozinha diante do espelho: loucura? Devaneio? Traquinagem?
Às vezes, quando brinco, falo sério; outras vezes, quando séria, só penso bobagem.
Formiga em mim um desejo, fecho os olhos e vejo o meu delírio ganhar asas.
Em resposta, todo meu ser estremece, bambeia, amolece, meu corpo todo arde em brasas.

O meu interior sacoleja, o coração se bole todo, esbraveja, parece querer sair de mim.
É um não sei quê de desajuízo, uma coceira na imaginação, um querer que não tem fim.
Não importa o amanhã, o futuro não me interessa, se faz tarde, o meu querer é agora.
Não quero saber se a chuva cai, se a lua anoitece, o sol arde, se virá o romper da aurora.

Estou sonhando acordada, caminho sem destino, guiada por mãos que me chamam ao abraço.
Não sei ao certo a direção nem quero a rota deste chão, quero apenas seguir o compasso.
Quero me jogar no vazio, quero viver este momento até perder de vista o fim desta estrada.
Quero me lançar ao sabor do vento, deixar fluir o sentimento, me entregar e mais nada.



domingo, 11 de novembro de 2012

Escolhas

[O Pensador - Auguste Rodin]

O que são escolhas? O que será que a vida nos quer dizer quando nos propõe escolher? Por que nossas escolhas, às vezes, interferem no bem-estar de outras pessoas, e nem sempre nos damos conta disto? Por que muitas vezes escolhemos aquilo que nos faz ou fará sofrer?

As indagações são muitas. As indagações são minhas. As indagações vêm do que observo, do que sinto, do que vivi, do que tenho ouvido. As respostas? Eu não as tenho. As que tenho, não ouso deixar aqui. Até porque se baseiam em pressupostos não testados, na têm validade.

Certamente, escolhemos aquilo que imaginamos nos fará feliz. Todos no entorno sabem que não estamos felizes, que erramos em nossa escolha, que optamos pelo infortúnio. No entanto, o orgulho, talvez, nos mantenha cegos, nos deixe imóveis, de braço rígido. Pior do que errar nas escolhas, é nos depararmos com o engano, o engodo, a dissimulação, a mentira, e, ainda assim, permanecermos firmes em nosso orgulho. Tolice. Pequenez. Fraqueza...

O que ganhamos? Por que adiamos nossa libertação? Por que permanecemos enlameados na infelicidade? Por que enterramos nosso umbigo numa areia movediça na qual nós mesmos nos jogamos? Por que não aceitamos a mão que, insistentemente, intenciona nos salvar?

As indagações seguem. Elas também são minhas. Elas também são fruto da minha observação. Para elas, também não tenho resposta. Pior: sequer pressuponho respostas. Lamento por não tê-las. Entristeço-me por não alcançá-las. Sofro, até, por sabê-las insolúveis.

Certa vez me disseram que as escolhas mais acertadas são as feitas com o coração. Estou certa de que coração se engana. Infelizmente. Mas tenho cá minhas dúvidas se, em se descobrindo equivocado, ele resolva mudar o rumo da história e (des)escolher. Não. (Des)escolher ele não pode. Voltar atrás, nem sempre. Certas portas, uma vez fechadas, não se abrem mais. No entanto, entendo que, no que tange à dignidade, se perdida, ela deve ser urgentemente procurada, reencontrada, louca e teimosamente buscada. Oh, coração, tu te deixaste cegar a este ponto? Tu não percebes que estás sendo indigno de ti mesmo? Oh, coração, se és tu o responsável pelas escolhas, acordas! Voltas atrás! Lutas, coração! Lutas! Recupera a tua nobreza, a tua altivez! Reconhece o teu equívoco! Resgata, coração, enquanto ainda bates, o teu pulsar firme! Reúne o que te resta, coração, e te reconstróis, te reergues, te juntas novamente!

Julgamentos? Não te importes com eles, coração! Se bem pensares, já fostes julgado... e condenado. Cuida do que te resta! Ocupas-te de ti! Escolhes de novo! Desta vez, optas pela verdade, pelo amor que promove, pela felicidade! Não tenhas medo, coração! Se a ti cabe a escolha, abres tu o peito para ela e escolhes firme, sem olhar para trás, sem arrependimentos, miras, coração, no que, verdadeiramente, te fará feliz! Indagações? Continuarei perseguida por elas. Respostas? Seguirei buscando-as... Para o momento, é a minha escolha.


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Natal e Ano Novo...


Meu momento de saudade...



Tenho saudade do Natal e Ano Novo dos meus tempos de juventude.
Tinham pessoas em volta da mesa; celebrávamos com festa, fartura e saúde.
Arrumávamos a casa, enfeitávamos os vasos de flores, pendurávamos lâmpadas coloridas.
Desembalávamos novas cortinas, toalhas de mesa, jogos de cama, roupa nova, nova vida.

Tenho saudade do Natal e Ano Novo, dos abraços sinceros, dos desejos trocados.
Nossa mesa era farta, nossa casa visitada, gente chegando por todo lado.
Discos tocando na vitrola, música boa para ouvir, cantar e dançar.
Preparávamos os incensos, chamávamos as boas energias para o ano que iria começar.

Tenho saudades do Natal e Ano Novo, das pessoas que não estão mais aqui.
Esta é a hora mais triste: não poder abraçar quem se foi, não poder vê-los sorrir.
O mundo gira, os costumes vão se perdendo, perde-se o sentido da comunhão.
Em minha memória guardo aqueles dias, que jamais sairão do meu coração.

Tenho saudade do Natal e Ano Novo dos meus tempos de menina.
Tudo parece distante, nada é mais como antes, mas tudo é vivo em mim ainda.
Naquele tempo éramos seis, tal qual romance de José Maria Dupré.
Nossa casa era simples, mas amor não faltava e alegria era tudo que se podia ver.

Meu Natal e Ano Novo tinham a casa mais alegre e mais comentada da rua.
Reuníamos os amigos, dançávamos a noite inteira, víamos o nascer do sol, o cair da lua.
Ensaiávamos uma cantoria, brindávamos ao novo dia, vivíamos um tempo de paz.
Hoje me resta a saudade de momentos de muita harmonia, de um tempo que não volta mais.



domingo, 21 de outubro de 2012

Se quiseres vir, venhas...

Se quiseres vir, venhas... és a minha memória da pele...


Se quiseres vir, venhas... o que está aqui guardado, basta um toque teu para acordar e eclodir.
Se quiseres vir, venhas... inteiro, com vontade, pronto para se deixar ficar, não mais partir.
Se quiseres vir, venhas... mas não me toques apenas para saciar teu desejo, matar tua saudade.
Se quiseres vir, venhas... só não me faças acreditar no impossível, só venhas se for de verdade.

Se quiseres vir, venhas... não importa o que ficou para trás, o que deixou de ser vivido.
Se quiseres vir, venhas... eu sei que o meu sentimento ainda existe, está apenas adormecido.
Se quiseres vir, venhas... sempre disseram que nossa história um dia precisaria acontecer.
Se quiseres vir, venhas... só não sei se consigo ter a ilusão de que a teu lado eu possa viver.

Se quiseres vir, venhas... viveremos tudo do começo, desde lá do tempo de nossa adolescência.
Se quiseres vir, venhas... foi em ti que investi meus sonhos, foi contigo que perdia a inocência.
Se quiseres vir, venhas... mas venhas sem olhar para trás, sem dúvidas nem arrependimentos.
Se quiseres vir, venhas... vamos viver com intensidade, vamos nos entregar com todo sentimento.

Se quiseres vir, venhas... sabes que de um jeito ou de outro continuas fazendo parte de mim.
Se quiseres vir, venhas... desde os meus onze anos, entendi que este sentimento jamais teria fim.
Se quiseres vir, venhas... mas não me acendas a fogueira se não for para domar o fogo.
Se quiseres vir, venhas... mas não me enredes em teus braços, não faças de mim um jogo.

Se quiseres vir, venhas... estes versos, tu bem sabes, só inspirada em ti posso escrever.
Se quiseres vir, venhas... não penso em outra coisa, senão no que pode entre nós acontecer.
Se quiseres vir, venhas... minh’alma sorriu só em sentir teu cheiro, teu toque, teu jeito sedutor.
Se quiseres vir, venhas... guardei meu sentimento, tentei te esquecer, mas ainda é vivo este amor.

Se quiseres vir, venhas... alguma razão há de ter o fato de certas lembranças guardares.
Se quiseres vir, venhas... estou certa de que transito em teus pensamentos por todos os lugares.
Se quiseres vir, venhas... os anos passam, envelhecemos, e o que nos une ainda está aqui.
Se quiseres vir, venhas... ficarei te esperando, qual roupa ao sol quarando, serei tua até o fim.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Aos mestres que tivemos... E aos que somos...


Hoje é dia de homenagear ao pai de todas as profissões, a quem chamamos de mestre.
Ele entende de cores, de matemática, de arquitetura, de flores, até de pintura rupestre.
Hoje é dia de saudar a quem nos ensinou o be-a-ba, a primeira frase, o primeiro contar.
Quem nos mostrou os caminhos das letras, dos números, do dividir e do somar.

Sua trajetória é árdua, tem passos corriqueiros, que precisam ser reinventados a cada dia.
Às vezes começam por uma história, adentram nas artes, religião, física, ciências, geografia.
Falam de literatura e gramática, com a química auxiliam a vida em seus laboratórios.
Assim nascem os escritores, os cientistas, os médicos, artistas no palco de seus consultórios.

Saudemos hoje a primeira professorinha, o diretor da escola, o reitor da faculdade.
Saudemos os mestres que tivemos, o aprendizado que vivemos, um tempo de saudade.
Saudemos ainda os mestres sem instrução formal, cujo conhecimento aprenderam na lida.
São professores sem capelo, doutores sem diploma, ensinam o apreendido na escola da vida.

Seja advogado, engenheiro, delegado, agricultor, marceneiro, veterinário, mecânico ou pintor.
Seja das artes, da ciência, do campo, da oficina, seja da farmácia, medicina, cozinheiro ou escritor.
Vós, mestres dedicados, que mesmo mal remunerados, com amor sustentam a sua vocação.
Gritem alto, com firmeza: "_somos professores, com certeza, amamos a nossa profissão".


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Saudando nosso tempo de criança...


... e a menina que mora em mim

No meu tempo de criança, não dispúnhamos de tanta tecnologia, os nossos brinquedos eram muitas vezes por nós mesmos construídos. Nossas pipas, nossos carrinhos de madeira, nossos patinetes, nossas bonecas de pano, nossas bolas e barquinhos de papel. Brincávamos e cultivávamos nosso jeito moleque, às vezes arteiro, mas sempre carregado de inocência. As competições eram os jogos com bolas-de-gude, virar figurinhas (o velho bafo), jogar pião; jogávamos dominó, ludo, tabuleiro de damas; fazíamos jogos de vocabulários, como o famoso “nome, lugar, objeto...”; brincávamos de barra-bandeira, seu rei mandou dizer e pique-esconde. Também fazíamos nossas artes, é verdade. Quem nunca tocou uma cigarra e correu léguas para não ser descoberto? Quem nunca roubou uma fruta do quintal do vizinho? Quem nunca chutou uma lata enquanto alcançava o caminho de casa? Quem nunca fugiu de um castigo para juntar-se aos amigos nas brincadeiras de rua? No meu tempo de criança, não tínhamos computadores, não sabíamos o que era o videogame. Nossas bolas eram as mais simples, as nossas bonecas eram as Wanderleias, com o cabelo de fuá. Saudade dos carrinhos de rolimã, do conjunto de panelinhas, das pipas feitas com papel de seda e tiras de coqueiro. Na televisão, curtíamos o programa Vila Sésamo, o Sítio do Pica-pau Amarelo, a TV Globinho... Os nossos shoppings eram os zoológicos, os parques de bairro, os circos de lona montados num campo de futebol de várzea, as praças das cidades, os quintais das casas de nossos avós. Não tínhamos Ipod, Mp5, Itunes. Nossas cantigas se davam no gogó, durante as brincadeiras de roda, nos bate-papos nas calçadas, nas festas da escola. No meu tempo de criança, cupcake era o bolo-de-bacia; tomávamos mais sucos e caldo de cana do que refrigerante; ao invés de brownies, cookies e trufas, nos deliciávamos com o doce japonês, o pirulito de caramelo no tabuleiro e o cavaquinho, que, no fundo, não tinha gosto de nada, mas todo mundo ficava louco quando o “homem do cavaquinho” passava. O bife com batatas, arroz e feijão da nossa mãe era mais disputado que rodízio de pizza na promoção. No meu tempo de criança, costumávamos fazer as refeições com a família inteira, todos sentados em volta da mesa. Respeitávamos os mais velhos, cumprimentávamos mais as pessoas, pedíamos “a benção” aos nossos pais, avós, tios, padrinhos... No meu tempo de criança, éramos, de fato, criança, se preparando para a idade adulta. Hoje, as crianças se tornam adultas antes do tempo e depois lamentam não poder mais voltar à idade da inocência. Neste dia especial, meus versos são dedicados às crianças da nossa época, mas, especialmente, à criança que fui e à criança que ainda sou, disfarçada numa fantasia de mulher.

A criança que mora em mim tem bichinhos de pelúcia, brinca de bonecas, de casinha.
A criança que mora em mim ainda é moleca e quer roubar frutas no quintal da vizinha.
A mulher que hoje sou ainda sonha com o brinquedo que nunca ganhou.
A mulher que me tornei ainda se entristece pelos projetos que não conquistou.

A criança que fui queria ser uma pessoa forte, decidida, desbravadora.
A criança que fui era sorridente, tímida, porém tagarela e sonhadora.
A mulher que vive em mim se mostra inocente, tem medo do silêncio e da escuridão.
A mulher que sou viveu as dores que sua criança jamais sentiu no coração.

A criança que mora em mim anseia em voltar um dia ao passado e viver tudo outra vez.
A criança que em mim adormece quer rever suas molecagens e fazer tudo que não fez.
A mulher que hoje sou me pede seriedade, firmeza e paciência exige de mim.
A mulher que me tornei levará as traquinagens de sua criança interior até o fim.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Ao Povo Nordestino...

Nordestino, sim sinhô...


Hoje é dia do nordestino, povo paidégua, que assume sua origem sem fuleragem.
Um povo que mesmo sofrendo é presepeiro, mungangueiro e cheio de coragem.
Hoje é dia do nordestino, que sai de casa desde menino buscando sucesso na cidade.
Longe do seu povo, não dá corda ao sofrimento, mas chora escondido, roxinho de saudade.

Hoje é dia do nordestino, povo arretado, batalhador, sem fricote, sem pantim.
Adora charque com macaxeira, que por aí botaram o nome de carne seca e aipim.
Hoje é dia do nordestino, que ao ouvir o cacarejo do galo, bate palmas pro nascer do sol.
Onde é a lida não importa, seja na cidade ou na roça, ele tem por companhia o cantar do rouxinol.

Hoje é dia do nordestino, cabra macho, que doma cavalo xucro, vaca, boi e garrote.
Sujeito brabo, bom de peleja, que um bom chamego não enjeita nem um fungado no cangote.
Hoje é dia do nordestino, que tem uma ruma de remelento correndo solto no quintal.
Povo forte, cheio de fé no Padim Ciço, que ainda pesca com caniço e come manga com sal.

Hoje é dia do nordestino, do sertão, da macambira, do xique-xique, do solo rachado.
Hoje é dia da folia de reis, do maracatu, do samba de crioula, do frevo, do congado.
Hoje é dia de um povo que dança, que faz festa, se encanta e não foge de briga.
Mesmo quando a chuva não vem, quando a comida rareia, mesmo quando o cansaço castiga.

Hoje é dia do nordestino, home véi, seu menino, não me apoquente que eu tô avexado!
Já botei holandês pra corrê na ponta da minha peixeira, e ainda comi cuscuz com bode guisado.
Não bula comigo, que num levo desaforo, dô-le na taba do quêxo, faço seu zóio virá.
Danço um xaxado na sua cova, chamo Lampião e Gonzaga, boto os dois pra lhe assombrá.

Hoje eu quero um baião de dois cearense, o acarajé da baiana, a pata de uçá alagoana.
Quero um capote piauiense, o arroz-de-cuxá maranhense, uma mariscada sergipana.
Chama o rubacão paraibano, desce uma lapada de cana e ginga com tapioca potiguar!
Arremato com bolo de rolo da minha terra, de bucho cheio eu faço festa até o dia clarear.