terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Uma releitura de nós


Relendo a nossa história e reescrevendo novos capítulos...


Quero dizer o que sinto, mas desta vez tenho medo de pelo avesso me deixar mostrar.
Quero expressar o que vai em minh’alma, mas há segredos que nem ao silêncio ouso contar.
Queria compreender a linha tênue entre ‘o posso, mas não devo’, entre o temor e a coragem.
Queria fazer tudo o que desejo sem pensar se pode ou não ter volta esta viagem.

Meu peito anda desconcertado, vontades absurdas meu corpo reclama, é como me sinto.
Busco pesar o certo e o errado, mas quero atender aos apelos dos meus desejos, eu não minto.
Divido-me entre o ‘reler alguns capítulos da nossa história’ e o ‘deixar o livro fechado’.
Deveria pensar numa reescrita ou dar o texto por completamente encerrado?

Insisto numa releitura, descubro páginas amareladas, cuja tinta teu cheiro exala.
Fecho os olhos, me embriago, mergulho no passado e todo o meu corpo fala.
Arrepio-me imaginando o toque de tua pele; divago alucinada por este perfume.
Sufoco os anseios de não estar em teu colo agora, não ser tua neste instante é o meu queixume.

Uma simples troca de olhar, um sorriso reciprocado, nada mais há em volta, apenas nossa magia.
Parágrafo a parágrafo, vamos inserindo novas linhas, criando e vivendo nossa fantasia.
Vou me perdendo em teu mistério, creio ser o que dizes: a tua biografia.
Conheço cada parte do teu corpo, tenho em mim tatuado cada palmo de tua anatomia.

A mim, tu me conheces por inteira, sabes das minhas reticências, vírgulas e travessões.
Cada trecho que em mim escreves em nada duvidas, descobres uma a uma as minhas indagações.
Interrogas-me, me exclamas, dize-me “tremas”, a gramática é nossa, não faz mal.
Entendes cada vez que preciso de um acento e sabes sempre chegar ao meu ponto final.

Tantos encontros, desencontros, reencontros, e o mesmo gosto, o mesmo aroma, o mesmo calor.
Os intervalos são longos, mas os desejos seguem intensos, apreciamos a cada dia o nosso sabor.
Nossa história foi há mais de 30 anos escrita e quando menos esperamos nova página é inventada.
São capítulos infinitos, uma novela sem fim, de tempos em tempos reeditada.

Que venham novas páginas, intermináveis parágrafos, capítulos infinitos, deles não vou fugir.
Quero vivê-los intensamente cada vez que clamarem para um novo trecho eu inserir.
Somos capa, contracapa, orelha, dorso, um livro inteiro de nós dois.
Convido-te a uma nova leitura e reescrita e o 'será' e o 'talvez', o 'podemos' e o 'não devemos'... editaremos depois.

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