Rendendo-me
aos apelos do querer... e querendo cada vez mais...
A inquietude não cessou, mas o rebuliço deu lugar à serenidade, há em
mim certa calmaria.
Porém, nem tudo fora amansado, deu-se apenas um sopro onde eu queria
forte ventania.
Ainda assim, adormeci ao som dos anjos, despertei com a alma alegre e
sorridente.
Por me deixar vencer pela tentação, meu querer ganhou forma e
agradeceu-me, todo contente.
Reencontrei-me com uma parte de mim perdida, lá longe esquecida, mas
viva, intensa.
Já falei não tratar de futuro, só o hoje me interessa, mas a vontade de
reviver o ontem é imensa.
Meu corpo dança alegremente, embalado pela melodia de uma saudade vivida.
Mergulhei na fantasia, entreguei-me àquela folia, em meus delírios fui
atendida.
Por tanto desejo guardado, a inquietude se mantém firme, uma fogueira flerta
comigo a toda hora.
Quero embriagar-me mais deste néctar que me acaricia, nutrir-me deste alimento sem demora.
Tudo em mim ainda chacoalha agitado, nem tudo o que sinto fora de todo
esgotado.
Careço gastar toda esta energia, fazer muita estripulia, até sentir meu
corpo inteiro saciado.
O desassossego foi acarinhado, mas ainda sofre, pobre coitado, chora a
sua agonia.
Deseja mais do que lhe fora ofertado, quer repetir a dose, quer tudo
aquilo todo dia.
O corpo descansa amolecido, foi-se um tantinho de inquietude, é verdade, o
rebuliço serenou.
Mas tudo em mim grita forte, e toda aquela loucura vivida um gosto de quero mais deixou.
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