Como entender o limite entre dizer o que se sente e expor-se inutilmente?
Como botar para o fora o que sangra o peito, sem mutilar-se
inteiramente?
Como guardar um sentimento se a vontade é escancarar a emoção?
Como calar-se sem ter o arrependimento de seguir o coração?
Como
negar o que sinto se perto de ti meu corpo se põe a bambear?
Como
silenciar os anseios da alma se o que quero é me entregar?
Como
esconder o desejo, se quando te vejo quase perco os sentidos?
Como
não querer aquele beijo que me despertou os impulsos adormecidos?
Como
conviver com o “quem sabe”, o “pode ser”, o “talvez”?
Como
aceitar o silêncio, compreender a recusa, esperar a “minha vez”?
Como
manter-me distante se é justamente a tua falta que me angustia?
Como alegrar-me com a noite se não tive teu sorriso um instante sequer do dia?
Como esperar sem cobrar do tempo, sem sentir, sem sofrer?
Como ignorar a paixão que mesmo calada grita até ensurdecer?
Como punir o ladrão de sonhos que nos impede de sonhar?
Como saber se não somos nós mesmos o infrator, o que deixou de acreditar?