segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Ao Povo Nordestino...

Nordestino, sim sinhô...


Hoje é dia do nordestino, povo paidégua, que assume sua origem sem fuleragem.
Um povo que mesmo sofrendo é presepeiro, mungangueiro e cheio de coragem.
Hoje é dia do nordestino, que sai de casa desde menino buscando sucesso na cidade.
Longe do seu povo, não dá corda ao sofrimento, mas chora escondido, roxinho de saudade.

Hoje é dia do nordestino, povo arretado, batalhador, sem fricote, sem pantim.
Adora charque com macaxeira, que por aí botaram o nome de carne seca e aipim.
Hoje é dia do nordestino, que ao ouvir o cacarejo do galo, bate palmas pro nascer do sol.
Onde é a lida não importa, seja na cidade ou na roça, ele tem por companhia o cantar do rouxinol.

Hoje é dia do nordestino, cabra macho, que doma cavalo xucro, vaca, boi e garrote.
Sujeito brabo, bom de peleja, que um bom chamego não enjeita nem um fungado no cangote.
Hoje é dia do nordestino, que tem uma ruma de remelento correndo solto no quintal.
Povo forte, cheio de fé no Padim Ciço, que ainda pesca com caniço e come manga com sal.

Hoje é dia do nordestino, do sertão, da macambira, do xique-xique, do solo rachado.
Hoje é dia da folia de reis, do maracatu, do samba de crioula, do frevo, do congado.
Hoje é dia de um povo que dança, que faz festa, se encanta e não foge de briga.
Mesmo quando a chuva não vem, quando a comida rareia, mesmo quando o cansaço castiga.

Hoje é dia do nordestino, home véi, seu menino, não me apoquente que eu tô avexado!
Já botei holandês pra corrê na ponta da minha peixeira, e ainda comi cuscuz com bode guisado.
Não bula comigo, que num levo desaforo, dô-le na taba do quêxo, faço seu zóio virá.
Danço um xaxado na sua cova, chamo Lampião e Gonzaga, boto os dois pra lhe assombrá.

Hoje eu quero um baião de dois cearense, o acarajé da baiana, a pata de uçá alagoana.
Quero um capote piauiense, o arroz-de-cuxá maranhense, uma mariscada sergipana.
Chama o rubacão paraibano, desce uma lapada de cana e ginga com tapioca potiguar!
Arremato com bolo de rolo da minha terra, de bucho cheio eu faço festa até o dia clarear.





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