terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Miragem

O meu espelho reflete a tua imagem...


Se me olho no espelho, do outro lado tu estás; és tu em mim refletido, o meu rosto é tua imagem.
Percebo-me mergulhada no que vejo, encanto-me com o que entendo ser uma miragem.
Os semblantes se misturam; se transfiguram, se unem e se fundem num só.
Atemorizo-me com este mistério, sinto-me perdida, a minha cabeça parece dar um nó.

Pego-me conversando contigo, perguntas sem respostas que não sabemos responder.
Seria apenas um delírio, ilusões de ótica, uma paisagem do deserto ou eu a enlouquecer?
O que o espelho me mostra é uma sombra insistente, que os anos jamais conseguirão apagar.
O que há do outro lado é a história não vivida, que retorna mais fortalecida a cada fase do luar.

Para minha surpresa, me falas de saudade; conto-te que sinto falta de ti, do toque de tuas mãos.
Diz-me do arroubo ao me tocares, da cadência da nossa dança, do pulsar do nosso coração.
Sinto um cheiro suave, o teu; um gosto doce, tua boca; o calor do teu corpo no reflexo do teu olhar.
Desejo ter-te, sonho saber-te, quero viver-te; habita forte em mim a certeza de ainda te amar.

Volvo a minha face, mas o espelho me atrai; agora nos vejo num só, a mesma imagem a refletir.
Hipnotizada pelos teus olhos sedutores que me paralisam, sinto-me pouco a pouco a me esvair.
Por teu sorriso sou contida, mostro-me frágil, menina, completamente entregue ao teu fascínio.
Não ouso negar teu chamado, leva-me neste espelho encantado, prende-me em teu domínio.

O que vejo através do meu espelho não é um vulto, és tu inteiro por minha memória esculturado.
Fecho os olhos e te imagino, ternamente para mim sorrindo, meu amor em teu rosto eternizado.


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