segunda-feira, 7 de março de 2016

A Reviravolta dos Valores

Parece, mas não é o título de um livro ou de um longa-metragem. E também não é truque de ilusionista. De fato, está tudo fora do lugar...

Fonte: (www.profederpessoa.blogspot.com)


É uma pena que seja o retrato da vida real, não apenas uma imagem na tela do cinema. Parafraseando Nelson Rodrigues, é “A vida... como ela tem sido”.

Os aplausos de agora vão para quem faz escárnio do outro, para quem humilha, desdenha, discrimina... Valoriza-se mais o arrogante, o mesquinho, do que aquele que traz brandura na alma, que trata o outro com respeito. Fazer o mal, em muitos ambientes, é a competência mais apreciada.

Um líder, na essência da palavra, não é mais aquele condutor de um grupo, mas o dono dele. Não é aquele que trabalha junto com seus liderados, mas aquele que simplesmente manda que sigam suas ordens. As modernas senzalas estão abarrotadas de 'libertos' iludidos, por vezes armadilhados pela sobrevivência, comandados por falsos senhores.

Os tempos modernos trouxeram uma arma poderosa, e mais letal do que aquelas fabricadas com o uso das mais aprimoradas tecnologias: o dedo em riste. As pessoas se transformam em segundos em juízes, batedores de martelo, proclamadores de sentença, sem testar o pressuposto da dúvida, sem oportunizar a defesa, e, principalmente, se esquecendo de observar o seu rastro de ilicitudes. Basta um boato e se mata um inocente. Era bom quando apenas a grama do outro era mais verde. Era só um sinal de inconformismo. Agora é: ‘ele tem mais culpa que eu, então isto me exime de qualquer dolo’.

Os critérios de equidade e justiça não mais atingem a todos, apenas alguns ‘eleitos’ têm direito a elas. Os olhares são mais voltados aos próprios umbigos. A empatia perde mais força a cada dia. A leitura se distancia, a busca pela informação válida e útil é prática de poucos. A ponderação e o diálogo franco, apreciativo, aberto, isento de hipóteses e julgamentos são exercícios obsoletos. A reflexão virou coisa de alienado. Não se gera mais aprendizado. Lições aprendidas são coisas do passado, guardadas no porão de um museu qualquer. Assunção de causalidade? Mudemos de assunto...

Estamos perdendo a essência do que é ‘ser humano’ e nos perdendo em nós mesmos. Estamos nos afastando do Evangelho. Estamos batendo bifes na tábua dos mandamentos, fazendo caça-palavras com as escrituras, vivendo uma Quaresma às avessas... Estamos nos crucificando uns aos outros, sem estarmos atentos de que para nós não haverá Aleluia, nem Páscoa, nem ressurreição...

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