À luz de velas, acendo um incenso, abro
uma garrafa de vinho.
Espalho meus discos na sala, não sei bem
o que quero escutar.
Maysa
rasga um “Ouça” em minh’alma; Nelson me apunha-la a flor e o espinho.
Tom me afaga o peito, meio desafinado, Vinícius diz: eu
sei que vou te amar.
João
diz: não se apaga a memória da pele;
Roberto aconselha: tente esquecer.
Perdida, deixo-me levar por Chico e grito eu te amo, com todo o
sentimento.
Pois me disse certo dia o Aldir é preciso dar uma resposta ao tempo.
Inspirada em Nando, solto meus versos e este meu canto é dedicado a você.
Mais uma nota, outra letra torta, verto
mais uma taça de vinho.
Meu companheiro é Cartola, que sem demora diz que o mundo é um moinho.
Caro leitor, não ria dos meus delírios, não
quero que de mim deboche.
Posso ser a deusa do asfalto do Adelino,
mas não o seu fantoche.
Sigo cantando e divagando nos desencontros que Represas me faz recordar.
Se Ângela me acende a fogueira, mergulho em Caymmi: é doce
morrer no mar.
Findo a noite com Caetano, solto por aí, sozinho,
cantando meu bem, meu mal.
Em Villa Lobos adormeço e das músicas me despeço numa melodia sentimental.
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