terça-feira, 30 de junho de 2015

O Dom de cada um...

Ou o desejo de tê-lo e fazê-lo percebido...

                        Fonte: vitoriaparecida.blogspot.com


Numa conversa informal a respeito do dom que algumas pessoas têm, surgiu um questionamento: afinal, o que é, de fato, um dom?

No dicionário, é dádiva, presente. Podendo ser também merecimento. Ou ainda um dote natural, um talento, uma aptidão, uma habilidade especial para. No campo divino, seria um bem que se goza, considerado como uma concessão da Providência. Em teologia, um bem espiritual proporcionado por Deus, uma graça: “a fé é um dom de Deus”. Há ainda o dom das línguas: a capacidade para falar muitas línguas; poliglotismo. Enfim...

E o que seria o dom de cada um? Alguém comentou que seria uma sensibilidade para fazer algo, que já nasce com a pessoa, mas que nem todos alcançam, nem todos apreciam. “Apreciar”... Esta foi a palavra-chave. O dom seria, necessariamente, algo obrigatoriamente apreciado por todos? Se determinado ‘talento ou aptidão ou habilidade’ não for percebida da mesma forma por todos, ainda assim seria um dom? Eis aí onde travou o nosso diálogo. Para uns, sim. O dom ainda estaria ali. Mas, no geral, ficamos sem respostas. E deu-se um instante de silêncio... de pensamentos soltos, procurando algo assertivo a ser dito. E fomos buscar nos mais próximos... em nós. Que dom teríamos? Ou melhor, teríamos algum dom? Cada um citou o(s) do outro (tarefa simples) e tentou buscar em si. Mas uma descoberta foi unânime: não conseguimos perceber em nós mesmos um dom. Neste instante, ao menos descobrimos uma virtude em comum: a humildade. E seguimos refletindo... Cada um com suas inquietações...

Para mim, apontaram o dom da escrita, do canto e da culinária. Discordo dos três. Advogo a tese de que ‘gostar de’, ‘ter facilidade para’ não faz disto um dom. Sobretudo, quando não é de apreciação comum. Na minha compreensão, ter um dom, na verdade, passa por receber algo do divino e se fazer alcançado por todos. Faz do indivíduo uma pessoa marcante, cuja habilidade, talento, sensibilidade inspiram outrem. Ter um dom faz o sujeito chegar ao coração (que é o primeiro olhar e o mais apreciativo) de cada ser, especialmente dos mais próximos. O caminho para se receber um dom pode ser o do merecimento e, justamente por isso, talvez nem todos possuam esta condição. Um dom talvez seja algo além de nossa compreensão... Quiçá, precisaríamos ter, primeiro, o dom de entender o que um dom viria a ser...

Talvez me reste um dom, afinal... o de reconhecer-me desejosa de tê-lo... e fazê-lo alcançável...

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