[Fonte: www.viajandonasbolhasdosaberporque.blogspot.com]
Há quem
diga que o certo é ‘vai a Roma’, que os dicionários de provérbios desta forma o
asseguram, posto que assim dito significa aquele que não tem acanhamento de
pedir informação sobre o rumo a seguir. Há também os que advogam que o correto
seria ‘vaia Roma’, o que ocorria na época dos imperadores, quando estes abusavam
dos seus ‘desgovernos’ e eram submetidos às vaias do povo. Ops... parece que
voltamos à época dos imperadores, não é? Acho que neste caso... faz muito mais
sentido. Deixemos este escrito para outro momento.
Mas
o que quero refletir aqui é sobre o ato... a vaia. No dicionário, diz-se de uma
manifestação de desaprovação, um sinal de que algo não está agradando. Mas a nossa
linguagem não é limitada, é sempre possível ir além da semântica. Disto o povo
brasileiro bem o sabe... Quer dizer, quase sempre não sabe, mas faz uso, ainda
assim.
No meio
esportivo, por exemplo, a vaia ganha outro tom, nem sempre está atrelada à
desaprovação de algo, muito menos à desordem, tão bem atribuída enquanto ‘sinônimo
de povo brasileiro’. Em muitos momentos, ela funciona como o posto do apoio, um
estímulo à desconcentração, um desejo ferrenho de que o adversário cometa uma
falha, tendo esta, muitas vezes, como a única saída para a vitória dos seus
elegidos. Funciona como ‘eu não estou vaiando a sua pessoa, só estou torcendo
para que o meu favorito se sagre vencedor’. Sim, pode revelar um ato destituído
de educação, uma descortesia. Mas quando razão e emoção entram em embate, o
descontrole e o bom senso não formam a pauta.
Eu penso
que nos jogos olímpicos, vividos em nosso país, talvez, como oportunidade única
para muitos de nós, as vaias são tão somente a expressão esfuziante de uma plateia
apaixonada, que nelas encontrou uma forma de manifestar para quem vai a sua
torcida. Mas está longe de ser um símbolo de desagrado, de discordância, de desaprovação
de um ato ou de uma pessoa, pois é por demais sabido o quanto se reconhece o
valor daqueles que cá se apresentam, competindo, exibindo o seu talento, tentando
fazer valer os seus anos de esforços.
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