quinta-feira, 18 de agosto de 2016

‘Quem tem boca vaia Roma’... ou vai a Roma...

[Fonte: www.viajandonasbolhasdosaberporque.blogspot.com]

Há quem diga que o certo é ‘vai a Roma’, que os dicionários de provérbios desta forma o asseguram, posto que assim dito significa aquele que não tem acanhamento de pedir informação sobre o rumo a seguir. Há também os que advogam que o correto seria ‘vaia Roma’, o que ocorria na época dos imperadores, quando estes abusavam dos seus ‘desgovernos’ e eram submetidos às vaias do povo. Ops... parece que voltamos à época dos imperadores, não é? Acho que neste caso... faz muito mais sentido. Deixemos este escrito para outro momento.

Mas o que quero refletir aqui é sobre o ato... a vaia. No dicionário, diz-se de uma manifestação de desaprovação, um sinal de que algo não está agradando. Mas a nossa linguagem não é limitada, é sempre possível ir além da semântica. Disto o povo brasileiro bem o sabe... Quer dizer, quase sempre não sabe, mas faz uso, ainda assim.

No meio esportivo, por exemplo, a vaia ganha outro tom, nem sempre está atrelada à desaprovação de algo, muito menos à desordem, tão bem atribuída enquanto ‘sinônimo de povo brasileiro’. Em muitos momentos, ela funciona como o posto do apoio, um estímulo à desconcentração, um desejo ferrenho de que o adversário cometa uma falha, tendo esta, muitas vezes, como a única saída para a vitória dos seus elegidos. Funciona como ‘eu não estou vaiando a sua pessoa, só estou torcendo para que o meu favorito se sagre vencedor’. Sim, pode revelar um ato destituído de educação, uma descortesia. Mas quando razão e emoção entram em embate, o descontrole e o bom senso não formam a pauta.

Eu penso que nos jogos olímpicos, vividos em nosso país, talvez, como oportunidade única para muitos de nós, as vaias são tão somente a expressão esfuziante de uma plateia apaixonada, que nelas encontrou uma forma de manifestar para quem vai a sua torcida. Mas está longe de ser um símbolo de desagrado, de discordância, de desaprovação de um ato ou de uma pessoa, pois é por demais sabido o quanto se reconhece o valor daqueles que cá se apresentam, competindo, exibindo o seu talento, tentando fazer valer os seus anos de esforços.

Se pudéssemos ter um olhar mais apreciativo, entenderíamos um pouco mais sobre o significado e o sentido das coisas, e atribuiríamos menos julgamentos frouxos, sem liga nos argumentos. Não aprovo as vaias que desrespeitam os cabelos brancos, que denigrem, que humilham. Mas consigo perceber quando elas soam com outros sentidos...

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