sexta-feira, 13 de maio de 2016

Um 31 de março de 1964... revisitado em maio de 2016...

As feridas foram abertas... um triste prenúncio se desenha. A luta por justiça e igualdade trava mais uma sangrenta batalha...

[Fonte: www.baudovalentim.net]

Naquela madrugada de 31 de março, o terror que tomou conta do País já era esperado. O que nos assombra agora se esconde por detrás de ‘bons rostos’, falsos profetas da justiça e da moralidade. Outra vez nos atemoriza o morrer em vida, o regredir, o ter que calar. Mais um vez se busca justificar o que não tem aparato jurídico, o injustificável. Os rotos (para não dizer os ratos) especulando aqueles que eles fazem questão de esfarrapar.
Como em bom pernambuquês, o estado democrático de direito levou uma carrada de bala bem na caixa dos peitos, e agoniza sob a vigília dos atiradores. A preguiça intelectual segue desfilando suas frases feitas, advogando em favor dos carrascos, usando a palavra justiça como se fora rótulo de cigarro vagabundo, feito numa folha qualquer caída de uma árvore, envolta num fumo de rolo. Pobres incautos... de tanto se voltarem apenas para os seus próprios umbigos, se esquecem de levantar a cabeça, de olhar em volta e perceber que todos... todos... todos são a si iguais... E nem imaginam o que lhes espera...
Depois daquele 1964, quem sobreviveu buscou renovar as energias e retomar as lutas. Os direitos foram reconquistados, a democracia, enfim, havia sido retomada... Havia... 'Golpe' nos pareceu, por longas eras, apenas um verbete no dicionário. Mas as muitas e velhas raposas empoderadas, e suas crias e discípulos, nos chagaram outra vez e nos instituíram ao caos que se anuncia...
São os oriundos daquele período de horror, são os da mesma espécie, e se vestem de um ódio ainda mais exacerbado. Acharam pouco a justiça cega, e a violaram. São tiranos, incitadores de violência, indignados porque a força é de todos, o poder de voz é livre e se pode expressá-lo. São rotuladores da vontade alheia, dão veredictos sem julgamentos, mas sequer julgam seus atos... tão dolosamente indefensáveis.
Infelizmente... as cortinas não se fecharam como pensávamos. O filme continua em tela... fora apenas remodelado e, tão perigosamente quanto no passado, se desenha mais bem articulado. Infelizmente... nunca será fácil, nunca será diferente, nunca será justo...
Mas não irão calar a voz democrática... Ela é livre para ir... para não querer sair... para voltar... Não há quem a imponha um caminhar. Não a subestimem, não desviem dela o olhar... a voz democrática fala por uma multidão, grita pelo justo e equânime... canta a luta por liberdade e desta, sim, se torna prisioneira, porque, por ela, não há temor em se amarrar. Porque lutando, ela impõe o seu tom mais alto, se faz livre, e só pelo direito de soltar o seu grito ela se deixa aprisionar...
Não há barreiras que obstruam os nossos gritos, não há muros que suportem o eco dos que não desejam se calar... Resta-nos seguir lutando, gritando... pela manutenção do processo democrático, pelo direito de ser, ir, vir, pensar, escolher e praticar.
Liberdade, Liberdade... mantenha suas asas abertas sobre nós!
Que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz!

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