Porque eu sou de outrora, seu moço...
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O meu ‘tiro é este’... que dispara lirismo, poesia, versos docemente
rimados... um bailado compassado, acompanhando a melodia do pau e cordas, dos
banjos, dos clarins... vindas lá do idos de Capiba, de Raul e Edgar Moraes,
Getúlio Cavalcanti... Chiquinha Gonzaga...
Porque eu sou de outrora, seu moço...
Amo o saudosismo e a poesia dos frevos de blocos, assim mesmo,
‘cansados e ultrapassados’, como se costuma dizer. Eu vibro ao entoar o Hino de
Elefante, Pitombeiras, Ceroulas... Sinto agonia nos pés só de imaginar um
acorde de Vassourinhas. Minha alma se alegra com o Voltei Recife, Evocação
Número 1... com os verdadeiros Valores do Passado... e me desmancho em lágrimas
só de ouvir na terça-feira gorda o Último Regresso...
Respeito a suas preferências, não vou impor o meu querer ao seu nem
‘vou jogar na sua cara’, nem ‘tacar bebida e mais não sei o quê’. Não sou
‘malandra’ e o único 'lepo-lepo' que conheci foi apenas aquele recado ameaçador
da minha mãe, diante das raras traquinagens... E se você me diz: ‘Vai passar
mal...’, eu passo mesmo, afinal quem me ‘nocauteou, nocauteou’ foi o mau gosto,
vindo de um miado desafinado de uma gata com mania de ser cantora...
Perdoe-me, seu moço, mas eu sou mesmo é de outrora...
Da modernidade que destila decadência, que maltrata a poesia, macula a
inocência... e tantas outras coisas que embrulham o estômago, machucam os
ouvidos e aniquilam a cultura de um povo... eu quero distância, dela corro
léguas...
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